terça-feira, janeiro 18, 2005

Ainda os votos da emigração

De: Amadeu Moura / Canadá no PortugalClub

«Sapos vivos e elefantes de tromba rija... Se fossem só sapos vivos a engolir a coisa ainda ia!
Mas, no círculo “Resto do Mundo”, com o candidato que temos, vamos ter de engolir elefantes de tromba rija! E isso dói para caraças... sobretudo que alguns de nós ainda têm espinhas encravadas na garganta!

Os manda-chuvas dos estados-maiores do PS, sabendo muito bem que nos encontramos manietados – se não votamos no PS reforçamos a Direita - impõe-nos um candidato à nossa revelia.
E o dilema é esse.

Fica-nos a escolha: ou um Cesário de má memoria e de incompetência atroz (um dia falarei de uma cena a que assisti e que ilustra a vacuidade do personagem) ou o “medalhado” de Oliveira de Azeméis, candidato a deputado e a mais uma arroba de medalhas venham elas donde vierem.

Não pugno pela expressão “venha o Diabo e que escolha”.
Cabe a nós de escolher o mal menor. E como já estamos habituados a sermos traídos...»
Subendende-se... que lá têm que votar no Zé das Medalhas... »
Deixa do Casimiro:
« Amadeu, não tem essa de escolher o menos ruim!... Os dois, são piores, um que o outro!... A solução é!.... Votar!... Votar todos em branco!... fazer chegar o recado!.... Caso Contrário, você estará concordando em alguém que não tem nada a ver!...
Aqui o pior de engolir!... é a traição do Melo e do Carrelo!...»
Da Alemanha escreve o Nelson Rodrigues:
«De facto o Manuel Carrelo e o Manuel de Melo estão a arriscar muito. E é notável, desde que tomaram compromissos perante o partido, já nao dizem nada ou unicamente vem com um "lenga, lenga"! Foi sempre o dilema da Emigrolândia que nunca se criou uma independência. Fomos sempre vasalos, sempre dependentes de outros. Agora somos obrigados a votar no PS para impedir o Cesário. "Engole ou morre" (Friss oder stirb) - assim afirma um provérbio alemão.»
É verdade que esses animais partiram isto tudo.
Mas há um argumento novo e uma tese nova em Lisboa: a de que há gente a apostar muito forte num governo Santana/Sócrates, a quem não interessa a vitória do PS ma emigração.
Dizem que o governo Santana/Sócrates é a solução adequada (para os negócios, naturalmente). Para isso é preciso que o PS não tenha maioria absoluta; e todos nós sabemos o que jogam aí os quatro deputados da emigração.
Quando me disseram isto lembrei-me de alguns discursos que ouvi nos últimos dias na televisão, muito educados, tratando muito bem o Santana. Ainda hoje o Jaime Gama dizia que o PS não vai dizer mal do governo do PSD, de que todos dizemos mal.
Lembrei-me da grande mudança na afirmação da política económica, com o Sócrates a dizer que opta pela estabilidade fiscal e que mantém o orçamento do Santana, que tanto criticou.
Já não é possivel mudar candidatos e não temos margem para apelar a votos em branco. Votar em branco é pior do que votar no PSD. É votar num governo PS/PSD, que seria a pior solução que o país poderia ter.
Por isso me parece que os meus amigos lá têm que engolir sapos, elefantes, hipopótamos e até alguma bicha que apareça por ai. Mas é preciso votar nos candidatos do PS.
Depois, se eles não cumprirem, cá estamos para os crucificar.
Acho que o Carrelo, o Melo e o Carlos Luis não vos vão trair... E volto a dizer o que já aqui escrevi: há coisas que têm que ser discutidas, mas só depois das eleições.
Agora, o que é preciso é encostar os candidatos à parede e obrigá-los a assumir, pública e pessoalmente, compromissos.