domingo, janeiro 23, 2005

O regresso de Marcelo...

José Adelino Maltez está cada vez mais lúcido. Escreve hoje no blogue:
«Não foram precisas vinte e quatro horas para que o PSD reagisse às fintas do CDS, com Lopes a proclamar: só o PSD ou o PS podem ganhar as eleições. E Luís Felipe Menezes, assessorado por Marcelo Rebelo de Sousa, explicou melhor as ordens dadas pela central do argumentário de campanha: só há duas hipóteses do voto ter utilidade, votar Sócrates ou votar Santana para Primeiro-Ministro.
E Lopes acrescentou, sobre o CDS, que ele pode lutar por uma posição melhor, mas tem que respeitar os acordos; não pode fazer insinuações, mesmo que seja com mimos e carinhos equívocos. Porque o PSD não tem nada a aprender do parceiro em estabilidade, lealdade e competência.
Até lhe pode dar lições. E Menezes, à mesma hora, repetiu: que o CDS esgrima argumentos para aumentar o seu "score", mas não à nossa custa. Mais explícita foi a cabeça de lista por Beja: o meu objectivo é ser eleita e vou fazer esforços para ir buscar votos à coligação.
O voto do eleitorado do CDS-PP é, sem dúvida, um voto útil porque será impossível a esse partido eleger qualquer deputado neste círculo..
Marcelo Rebelo de Sousa apareceu na sua décima primeira campanha eleitoral, assim mostrando a razão que o levou ao silêncio.
Apareceu para criticar Sócrates: um guterrismo de segunda categoria, um guterrismo de segunda classe, clamando para não se passarem cheques em branco aos socialistas.
Opta, naturalmente, pelo cheque em Santana, com a cobertura de uma rectaguarda que passa, em primeira parangona do "Expresso" por Marques Mendes, que estaria preparado para assumir a liderança do PSD.
Depois de Rui Rio. Depois de Aguiar Branco. Marcelo dá o aval.
Santana Lopes preferiu ir às Caldas, com a benção de D. José Policarpo, inaugurar a barragem da Alvorninha, onde o edil local chamou ao presidente do respectivo partido um novo conquistador, à maneira de D. Afonso Henriques, o último líder nacional a visitar a terra, conforme o atestaria o Arco da Memória.
Não se sabe de D. José Policarpo terá gostado deste aproveitamento de uma cerimónia político-religiosa para um tempo de antena de campanha, em forma de notícia.
Já o psiquiatra Júlio Machado Vaz quase estragou a festa das Novas Fronteiras do PS, ao declarar que a memória dos portugueses também abarca o PS e a forma como, a coberto da teoria do pântano estendeu a passadeira vermelha ao Dr. Barroso que na altura não passava do futuro ex-líder do PSD, referindo que nas últimas eleições legislativas, em 2002, não votou no PS, apesar de ser liderado por Ferro Rodrigues, por se sentir traído pelos governos de António Guterres. Acrescentou: espero não ser ingénuo por voltar a acreditar.
O PS não se pode dar ao luxo de voltar a cometer os mesmos erros para não justificar aquela triste ideia de que, afinal, são todos iguais.»
Eu avisei na altura mas ninguém me ouviu.
Quando o PS se envolveu, da forma como se envolveu, na defesa de Marcelo Rebelo de Sousa no caso TVI, o meu comentário foi o de que estávamos perante uma descomunal manobra.
Marcelo estava apenas a melhorar a imagem, para aparecer mais tarde com mais força.
Marcelo nunca foi um comentador independente; é um homem comprometido com o seu partido, mas sobretudo com o seu próprio projecto.
Deram-lhe corda, aí o têm...