segunda-feira, maio 14, 2007

Estão a tentar encravar António Braga para ocultar o essencial

Li hoje num post colocado no PortugalClub o seguinte:
«Afinal conheciam-se ou não se conheciam?
Segundo o Jornal VOZ DE PORTUGAL de 17 de Agosto do ano transacto e que muitos já nem se lembram, numa recepção oferecida , no Palácio de S. Clemente à Comunidade Portuguesa do Rio de Janeiro pelo Secretário Geral do PS Senhor José Sócrates e actual Primeiro Ministro de Portugal, vê-se numa das fotos o agora Secretário de Estado Dr. António Braga, ladeado pelo Senhor Soares Bastos. Vê-se ainda, numa outra fotografia, o agora Primeiro Ministro de Portugal ladeado pelo Senhor António Marques e sua mulher, coordenador do PS no Rio de Janeiro .»
Por acaso estive nessa recepção no Palácio de São Clemente. E até estive com Antónioo Braga, que nesse dia conheceu, seguramente, centenas de pessoas.
É absolutamente natural que ele tenha sido fotografado com o Sr. Soares Bastos, havido como «benemérito» pelos seus assessores e pelo candidato do PS pelo círculo de fora da Europa nas últimas eleições legislativas.
É até natural que, com base das mesmas informações ele tenha assinado um despacho nomeando o dito Sr. Bastos como cônsul honorário em Cabo Frio.
Mal de um governante se não puder acreditar nas informações do seu próprio partido e dos seus assessores.
O que eu posso garantir é que nunca ouvi falar de António Braga no tocante a relações com as comunidades portuguesas da diáspora antes da sua nomeação como secretário de Estado. E estou convicto que ele nada tem a ver nem com a escolha do candidato Araújo nem, muito menos, com o autêntico golpe que isso representou nas estruturas locais (do Brasil) do Partido Socialista.
O que é importante explicar não é a nomeação de Bastos como cônsul em Cabo Frio.
O que é importante explicar é a provável autêntica «venda da lista» do PS fora da Europa, que as últimas notícias indiciam.
A explicação dada por Vitalino Canas para a não aceitação do nome escolhido pela Federação do Brasil - António de Almeida e Silva - é pura e simplesmente patética.
Então o Dr. Almeida e Silva era conotado com o PSD (quando é certo que ele tinha assinado a ficha de inscrição do Partido e que Lisboa sabia disso) e o «Zé das Medalhas» não era?
O que está a acontecer neste momento é uma tentativa de branqueamento do essencial e uma tentativa de liquidação política de António Braga que, faça-se justiça, trouxe à Secretaria de Estado das Comunidades uma dignidade que há muito ela não tinha.
Quando ao Sr. José Cesário é melhor que explique ele próprio as suas relações com o Araujo...
E é indispensável que se esclareçam os negócios da instalação do «novo» consulado de Portugal em São Paulo e da casa do «embaixador» nessa cidade brasileira.
Talvez o esclarecimento de quem são os proprietários dos imóveis e quanto eles recebem de rendas, bem como das empresas envolvidas nas obras permita ajudar a clarificar este imbróglio.
Estranho, muito estranho, é que o PS tenha deixado os dirigentes locais de São Paulo a falar sozinhos, quando é certo que eles passaram meses a denunciar esse escândalo.
Foi preciso Mário Soares ter criticado o verdadeiro «encerramento» do consulado ao público (com a consequente impossibilidade de acesso ao recenseamento eleitoral, que favorecia o PSD) para o Paulo Pisco reagir. O Lello, que era, já nessa altura, o patrão das «comunidades» não disse nada... E seria importante perceber porquê.
O António Braga chegou muito depois e, ao que parece, não convém a essa gente.
Por isso se concertam esforços para o liquidar...
Pode ser que eu esteja enganado, mas é essa a minha convicção.
Claro que há influências e que essas influências são mais fortes quanto se tem um conhecimento deficiente das situações.
Por falar nisso não sei se António Braga não terá sido influenciado a liquidar o consulado de Santos com o único objectivo de decapitar a activa secção do PS naquela cidade.
A visão colonialista que os partidos portugueses têm relativamente às comunidades portuguesas da diáspora é ameaçada sempre que alguém surge a defender os interesses próprios dessas comunidades.
O PSD liquidou a experiência feita com Eduardo Moreira, que foi até hoje o único deputado oriundo da diáspora. O PS, tomando-lhe a lição, nem sequer permitiu que uma tal opção se afirmasse.
E não venham agora dizer que a culpa é da «máfia dos bingos». Ninguém compra nada nem ninguém se não houver quem se venda.
Nessa matéria aploicam-se à política as mesmas regras da putaria.