terça-feira, outubro 14, 2008

Porque não havemos de retirar o dinheiro dos bancos?

Parece-me que toda a gente já se fez esta pergunta, desde que a crise se acentuou, nas últimas semanas. Ninguém fala disso em público, ninguém responde nem ao ouvido do vizinho, ninguém ultrapassa a afirmação ambígua do politicamente correcto.
Tirar o dinheiro dos bancos é... anti-social. Prejudica todos e pode levar os bancos à falência. Sustentar o levantamento dos fundos é uma heresia que não pode pronunciar-se e que ninguém pronuncia, por medo.
Lembra-me isto o que aconteceu a seguir ao 11 de Março e à nacionalização da banca em Portugal, por outras razões. Chamava-se «sabotagem económica» ao levantamento dos fundos do sistema bancários; e chamavam-se de sabotadores económicos os que tentavam levantar os seus recursos do sistema bancário.
A onda era outra, mas parece que está tudo na mesma. Ao menos no plano dos medos.
Qualquer pessoa minimamente sensata tem a noção de que deixou de ser seguro ter o dinheiro nos bancos. E não é a primeira vez que isso acontece; aconteceu há menos de 100 anos, ainda na vigência da primeira República e durante todo o Estado Novo.
Ninguém acreditava no sistema bancário. E nos anos 60, se queriam que os portugueses depositassem os seus fundos nos bancos, tinham os banqueiros que os tratar muito bem, que mandar os seus empregados a casa dos aforradores, que pagar juros pela utilização dos fundos depositados à ordem.
O que ganhamos nós confiando aos bancos as nossas reservas?
Nada, rigorosamente nada, no que se refere aos fundos colocados à sua ordem.
Ter uma conta bancária é uma fonte de despesas, das mais diversas, em que nós nem reparamos.
São contos de reis ao fim do ano, sobretudo se forem contas pequenas, com reduzido movimento. E para que precisamos nós dessas contas? Nas mais das vezes para nada, sendo certo que as temos, na generalidade dos casos, apenas por medo de sermos assaltados.
Mas assim, com depósitos bancários, corremos o risco de outros assaltos, desde os do fisco, que é conhecedor de todas as contas, até ao de credores pouco escrúpulos, que as penhoram sem pre-aviso, como é de lei.
Se fizermos contas, fica muito mais barato ter um cofre, desses fortes, que se vendiam em segunda mão nos leilões, ou mesmo dos outros que ainda se vendem novos e que prometem ser objecto de uma indústria cada vez mais próspera.
Retirar o dinheiro dos bancos é um direito. E é a única forma que temos de nos defendermos e de exigirmos que nos respeitem e nos retribuam o esforço das nossas poupanças.
Porque é que havemos de pagar X cêntimos por cada dia em que tivemos um pequeno saldo negativo e o banco não há-de pagar-nos na mesma proporção pelos dias em que temos a conta positiva?

segunda-feira, outubro 06, 2008

Um mundo de vigaristas?

A crise do sector financeiro aí está, em todo o seu esplendor, como tínhamos anunciado, chamando a atenção para importantes indícios, há mais de um ano.
A crise suscita, no essencial, problemas de três naturezas: de natureza política, de natureza jurídica e de natureza económico-financeira.

A questão política
No plano político, estamos perante a demonstração do fracasso de um modelo de mercado que assenta na especulação e na vigarice. A confiança, sem a qual não funciona nenhum mercado, não pode, em nenhuma circunstância, assentar na mentira sistemática, mesmo que ela seja dissimulada por uma «estruturação» complexa, que serve apenas para iludir o aprofundamento da fraude.
A crise veio demonstrar uma intolerável falta de respeito dos responsáveis políticos pelos cidadãos e pelos consumidores. Relativamente aos primeiros porque se lhes ocultou a trama que, na falta de fiscalização eficaz, permitiu criar o enorme buraco que, com a sua acção e a omissão dos estados, os especuladores criaram, em termos que põem em crise o normal funcionamento das sociedades.
As bolsas transformaram-nos, nos últimos anos, em autênticos casinos, cenário de jogos de fortuna e azar, previamente anunciados por bancos e autoridades que hoje estão na bancarrota, mas cujos crédito foi alimentado pela media até ao momento do ko. Bancos com nome acima de qualquer suspeita, auditores do mais fino nome, caíram de um dia para o outro na lama.
A ideia com que fica qualquer cidadão minimamente bem informado é a de que todo o quadro vem sendo encoberto, em termos que permitam continuar a explorar os tontos e os otários, tanto mais que, sem necessidade de especiais cuidados, é possível ter a noção da mentira sistemática que o sistema mediático vende aos «mercados» nos últimos doze meses.
Damos uma especial atenção à informação económica e, a partir de Junho de 2007, dedicamos muitas horas à observação dos mercados. No verão de 2007, publicamos um conjunto de relatórios sobre a «crise dos mercados financeiros» que, no essencial, são, a um ano de vista, uma antevisão do que agora se está a passar.
Em 20 de Setembro de 2007, escrevíamos que o economista Harry Markowitz, Prémio Nobel de Economia de 1990, afirmada que a decisão da Reserva Federal americana (Fed) de reduzir as taxas de juro nos Estados Unidos em 50 pontos base estava a criar uma liquidez artificial nos mercados monetários., segundo o economista Harry Markowitz, Prémio Nobel de Economia de 1990, citado pela TV Jornal/Agência Estado. Segundo Markowitz, a principal motivação do Fed para executar o corte de juros destinava-se a incentivar os bancos a voltarem a emprestar dinheiro uns aos outros.
«Na prática, o corte de juros vai inundar de liquidez o mercado» - comentava no Nobel, a quem ninguém deu importância. O economista chamou a atenção para alguns dados da economia norte-americana, como a inflação, e apontou a elevação dos preços das commodities, entre elas o petróleo, que se encontrava em patamares recordes.
Os sintomas da crise e do respectivo encobrimento eram já muito fortes. Nesse mesmo dia (20/9/2007) começamos a publicar textos informativos especiais, dedicados à «crise dos mercados financeiros».
Na primeira edição, com essa data, revelávamos que o Banco de Inglaterra (BOE) se preparava para lançar no mercado mais de 14,3 biliões de euros, para tentar salvar as instituições financeiras que tinham agido de forma menos prudente. Nessa mesma Newsletter colocamos um link para um importante relatório de Mervyn King que agora não pode ser lido, porque foi retirado da Net.
No dia 21 de Setembro de 2007, escreviamos este interessante naco de prosa:
«O mercado estadunidense de papel comercial voltou a encolher pela sexta semana consecutiva mostrando que a redução das taxas de juro decidida pela Reserva Federal (Fed) não foi suficiente para fazer regressar os investidores ao mercado da dívida de curto prazo, noticiou esta madrugada a agência norte-americana Bloomberg. A Fed informou que aquele segmento caiu 16% desde o dia 8 de Agosto, perdendo em volume cerca de 345 mil milhões (bilhões) de dólares. Os instrumentos de dívida caucionados por activos hipotecários de alto risco/subprime (ABCP’s) foram praticamente abandonados pelos investidores após o número de incidentes de crédito ter atingido valores históricos nos últimos cinco anos. Os vendedores de ABCP’s usavam o numerário para comprar dívidas sobre hipotecas, obrigações, cartões de crédito, facturas vencidas e empréstimos automóveis caucionadas por activos de alto risco. Desde Agosto este mercado desapareceu. »
No mesmo dia:
«Depois de ter forçado a marca simbólica de 1,40 dólares, o euro continuou a valorizar-se ontem cotando-se a 1,412 dólares. Ferida pelo espectro da recessão e indefesa perante o inevitável efeito “boomerang” da política monetária da Reserva Federal (Fed) a «green back» vai passar por um período de reajustamento do seu valor, mais consentâneo com a economia real dos Estados Unidos. A moeda europeia fechou o dia nos 1,4076 dólares, contra 1,4065 dólares na véspera (21H00 GMT).
O dólar canadiano bateu o recorde de há 31 anos (11/1976). Outras moedas de economias ricas em «commodities» valorizaram-se - os dólares australiano e neozelandês, o real saudita, a coroa norueguesa, bem como outras divisas refúgio. Entre elas destacamos o iene japonês e o franco suiço, apesar de os respectivos bancos centrais menterem as taxas de juro francamente mais baixas do que as americanas ou britânicas. Conforme previmos no passado dia 20, no nosso primeiro relatório, o dólar confirmou o início do que promete ser uma longa fase de desvalorização face a uma alargada cesta de divisas mundiais. É nossa convição de que, com o agravar da crise financeira global e a esbanjadora política do Banco Central Europeu de apoio à liquidez do mercado interbancário, a prazo, o euro acompanhará o dólar na caminhada descendente.»
Em 24 de Setembro de 2007, Pedro Varanda de Castro era especialmente incisivo no seu relatório com o título « Crise Financeira Global - Observatório - Report 2»:
«A Europa é, neste grupo, o elo menos forte. Suspeita-se que o grau de exposição do sistema bancário da zona euro às turbulências financeiras sejam bem maiores do que se tem dito e escrito. Na Alemanha, Grã-Bretanha, Holanda, Espanha e França as réplicas do sismo americano causaram umas dezenas de vítimas. » - escreve Pedro Varanda de Castro, do Departamento de Data Mining da MRA no seu report de hoje.
«Três bancos alemães mudaram de mãos em operações relâmpago que acalmaram os ânimos de depositantes crescentemente desconfiados. Em Inglaterra o Northern Rock está cada vez mais encostado às tábuas, à espera da estocada final. Lloyds, Barclays, HSBC e Fortis anunciaram nos últimos dias que a compra da moribunda instituição está fora dos seus planos. O Financial Times, na edição desta manhã, revela que a recusa tem a ver com o facto de a recuperação financeira exigir injecções de capital que rondam os 20 mil milhões (bilhões) de libras, quase 30 mil milhões (bilhões) de euros.»
O relatório lá está no nosso site, onde pode ser consultado. Aí se fala pela primeira vez de Paulson e do gigantismo da dívida americana.
Boa parte daquilo a que estamos hoje a assistir, está lá, com detalhes de há um ano antes.
No dia 25 de Setembro de 2007, escreviamos o seguinte:
«A Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos voltou a injectar na segunda-feira mais 10 mil milhões de dólares no sistema monetário, via Fed Nova York, o banco emissor encarregado das operações de liquidez. Na semana passada foram colocados no mercado 68 250 milhões de dólares. Na operação de ontem (segunda-feira) verificou-se um facto importante. Contata-se que, apesar da maciça intervenção, os bancos queriam muito mais.
De facto, o Fed aceitou a compra de dívida (prazo 1 dia) no valor de uma dezena de milhar de milhões. Porém, face às ofertas apresentadas, o mercado sinalizou «precisar» de 41 225 milhões, ou seja mais 75% do que o montante injectado. A dívida adquirida estava quase totalmente suportada por títulos do tesouro (9 334 milhões).
Pela primeira vez, e ao contrário de situações anteriores, as garantias oferecidas não foram respaldadas por créditos hipotecários. Digno de nota, também, o facto de a Reserva Federal usar a compra de créditos hipotecários para tornar mais líquido um mercado actualmente a atravessa uma grave crise. O sector bancário luta deseperadamente pelo acesso a fundos suficientes para cobrir a gigantesca quantidade de hipotecas de alto risco (subprime) já vencidas ou prestes a vencerem-se, por se encontrarem no limite da maturidade.
Sem dinheiro fresco suficiente no circuito interbancário, os receios dos investidores manifestam-se nas cotações bolsistas. No quadro acima, logo após a intervenção do Fed (12H00, Nova Iorque), as cotações recuperaram um pouco. Porém, logo que foram sendo conhecidos novos dados sobre a economia americana, que foi divulgada a posiçãodo FMI sobre o assunto, o stresse aumentou. A opinião do director-geral do FMI, Rodrigo Rato (ver post anterior), sobre as (negras) perspectivas para o último trimestre de 2007, e o seu provavel agravamento em 2008, a reacção dos investidores foi a de liquidar/reduzir posições ajudaram a toldar o clima depressivo. Todos os índices, com excepção do relativo aos títulos tecnológicos (High Tech Index), fecharam no vermelho.»

Em 26 de Setembro de 2007, caia a primeira vítima, em Portugal e nós escrevíamos o seguinte:
«O BPI decidiu proceder à liquidação de um fundo de investimento mobiliário, com activos no montante de 88 milhões de euros, revela o Diário Económico na edição de hoje. Segundo um comunicado divulgado na terça-feira, o banco informou que “a decisão de extinção do Fundo [BPI Renda Trimestral] tem subjacente o interesse dos participantes” e a “simplificação da oferta de fundos de investimento”. A carteira do fundo é composta maioritariamente por obrigações de “baixo risco” com “elevada liquidez” e por “alguns créditos hipotecários”. A incerteza quanto à distribuição trimestral do rendimento dos capitais investidos foi a razão apontada para a liquidação. O reembolso da totalidade do capital aos participantes foi assegurada por uma fonte do BPI citada pelo jornal. O encerramento do fundo será concluído no dia 2 de Outubro. A mensagem pretensamente tranquilizadora arrisca-se a aumentar os receios e a desconfiança dos investidores. O Diário Económico refere que “o sector financeiro português não está imune aos riscos de contágio” da crise global de crédito e classifica a decisão do banco presidido por Fernando Ulrich como a manifestação de “uma crise financeira, mas também de confiança”. O DE avança publicamente com o que a MRA tem prognosticado nos relatórios de acesso restrito ”Sistema Financeiro Global - Observatório da Crise“, desde Agosto, apesar da sistemática desvalorização do problema por parte das autoridades monetárias e dos «market players». A situação, porém, é grave. A sentença BPI significa o princípio do fim de outros veículos de investimento existentes no mercado português. Após o colapso do segmento hipotecário de alto risco (subprime), nos Estados Unidos, cujos sinais já eram evidentes no último trimestre de 2006, os instrumentos de dívida negociados entre investidores, bancos, fundos, corretores e outros agentes tornaram-se ilíquidos. O mercado evaporou-se. O apetite pelo risco tornou-se drásticamente volátil (…)
Esta quarta-feira, Carlos Tavares, presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) informará os investidores e o público em geral sobre os efeitos da crise no sistema financeiro português, durante uma conferência de imprensa. O jornal sublinha que “o regulador [CMVM] considera existirem, neste momento, alguns motivos para preocupação” uma vez que “não é possível garantir que não se verifiquem casos preocupantes”.Manuel Vasconcelos Guimarães, presidente da APFIPP, associação dos fundos de investimento, pensões e patrimónios, há apenas uma semana, garantira ao jornal não existirem motivos para alarme quanto a um eventual contágio pela crise ‘subprime’. “Estamos tranquilos com a indústria de fundos” afirmou então o presidente da APFIPP garantindo desconhecer “problemas no sistema”. A opinião foi emitida em contraciclo com a debandada geral dos investidores. Em Agosto, os resgates das unidades de participação atingiram níveis recorde. Tal não impediu o dirigente associativo de manifestar o seu optimismo. “Os dados de Agosto reflectem o período de incerteza que afectou os mercados financeiros. É nestas alturas que determinados investidores vêem boas oportunidades que acabarão por constituir-se como motores de novas subscrições”, sublinhou Vasconcelos Guimarães. À data, a CMVM já havia informado o mercado sobre a crescente tendência para o desinvestimento naqueles veículos de poupança e valorização de patrimónios. Era a confirmação, pelo regulador da actividade bolsista, de que os mecanismos imunitários do sistema europeu ao descalabro dos mercados da dívida não existiam. Por isso, não funcionaram.»

Em 24 de Outubro de 2007, relatávamos assim as últimas noticias do Merryl Linch:
« O banco norte-americano Merril Lynch agitou os mercados hoje de manhã ao fornecer mais dados sobre o impacto da crise do crédito no balanço do grupo reavivando receios de novos e vultuosos prejuízos. O banco anunciou que reduziu em 7,9 mil milhões/bilhões (mm/bi) de dólares os activos contabilísticos devido a investimentos especulativos nos mercados hipotecários e de crédito elevando para níveis inesperados os prejuízos do terceiro trimestre. Os prejuízos agora contabilizados superam em 2,9 mm/bi as anteriores estimativas, relacionadas com derivativos hipotecários de baixo (prime) e alto risco (subprime). Entre os cinco maiores bancos de Wall Street, Merril Lynch foi destacadamente o mais atingido pelas ainda inacabadas sequelas da presente crise. O descontentamento dos accionistas é evidente. Entre o 2.º e o 3.º trimestre os lucros passaram respectivamente de 2,2 mm/bi de dólares ($ 2.82 de ganho por acção) para 2,14 mm/bi ($2.22 de ganho por acção). Na comparação com o 3.º trimestre de 2006 o resultado é desolador ($3,14 de ganho por acção), menos 92 cêntimos/acção. Os proveitos líquidos caíram 94 % ($577 milhões). Em 2006, aquele valor atingiu uns gordos 9,8 mm/bi de dólares mas emegreceu 100 milhões de dólares no último trimestre ($9.7 mm/bi).
Merril Lynch era um dos principais emissores de titulos de dívida cujo valor dependia do risco dos activos que lhes serviam de garantia (CDO’s, em inglês). Stan O’Neal, presidente e CEO, que tem o cargo em risco por negligenciar a gestão prudencial da instituição. Os avultados prejuízos nas áres de câmbio e commodities de renda fixa ($5.6 mm/bi) no último trimestre tiveram origem na securitização das posições especulativas em produtos subprime e CDO’s. O rotundo falhanço da estratégia securitizadora “risco zero” implicou uma alteração radical da estratégia da Merril Lynch: cortes de 53% nas posições em CDO’s ( para $15,2 mm/bi), de 35% em derivativos subprime (para $5.7 mm/bi); reforço nas áreas lucrativas (acções/obrigações, + 4% lucros; banca de investimento, + 24% de lucros; gestão de fortunas, + 70%). Apesar das dolorosas notícias, os números foram recebidos positivamente na Bolsa, com as acções a subirem cerca de 1%, fixando-se no patamar dos 67 dólares.»
No mesmo dia, escreviamos sobre o National City:
«O banco norte-americano National City Corp, um dos maiores do Midwest americano, Cleveland, Ohio, anunciou hoje uma quebra de 80% nos lucros do terceiro trimestre, como consequência da crise hipotecária e apesar da venda da divisão de hipotecas de alto risco (subprime) à Merrill Lynch & Co. O banco, o 9.º maior dos EUA, eliminou 2 500 postos de trabalho (7% do total) cerca de 1 700 dos quais relacionados com o sector subprime, mais 400 do que o inicialmente anunciado. Os proveitos líquidos no trimestre caíram 106 milhões de dólares (18 cêntimos por acção). Em 2006 os mesmos proveitos foram de 526 milhões de dólares (86 cêntimos por acção). Na banca hipotecária, os prejuízos ascenderam a 152 milhões de dólares (- 25 cêntimos/acção). Segundo a Reuters Estimates, os analistas previam um lucro de 31 cêntimos/acção, revelando uma queda de dimensão inesperada, que alimenta previsões mais desfavoráveis no último trimestre do ano. Na sessão que antecipou a abertura oficial das operações em Bolsa, as acções sofreram uma desvalorização de 91 cêntimos, cotando-se no patamar dos 23 dólares.»
Novo aviso em 25 de Outubro de 2007:
« Países asiáticos, liderados pela China e pelo Japão, iniciaram em Agosto acções conjuntas de desinvestimento em activos norte-americanos. Entre 15/8 e 30/11, o valor total das dívidas (vencidas e vincendas) a pagar pelo Tesouro dos EUA aos seus credores atingirá os 273 mil milhões/bilhões (mm/bi) de dólares.
A persistente desvalorização do dólar e a subsequente subida das taxas de rendibilidade das obrigações do governo americano, segundo dados publicados no site do Departamento do Tesouro dos EUA, são as consequências práticas no curto e médio prazo, desde que o mercado não seja artificialmente estimulado, leia-se manipulado.Marc Ostwald, economista da empresa Insiger de Beaufort, citado por vários jornais e agências noticiosas, embora reconhecendo que “os números são para atordoar qualquer um”, admitiu que, considerando outras aplicações de investidores estrangeiros em activos cotados em dólares “ os montantes poderão ser mais impressionantes.” »

Em 26 de Outubro de 2007, publicamos uma nota sobre os primeiros efeitos do sub-prime em Portugal, que transmite, com clareza a ideia de que alguns dos principais dirigentes e o ministro das Finanças estão perfeitamente cientes do que se está a passar.
No dia 28 de Outubro de 2007 anotamos que a maior empresa de crédito hipotecário dos Estados Unidos, Countrywide Financial Corp., anunciou prejuízos de 1,2 mil milhões/bilhões de dólares (mm/bi USD) relativos ao terceiro trimestre do ano. Interessante o comentário com que encerra essa notícia:
« O presidente e CEO da Countrywide Financial Corp., Angelo Mozilo, arrecadou USD 200 milhões na venda de stock options, desde Janeiro/2007, exactamente no período em que era esperada a implosão da bolha imobiliária. Segundo o diário Los Angeles Times, entre 11/2006 e 08/2007, Mozilo alterou os planos de venda de acções preferenciais (prémios de gestão) redefinindo quantas acções deveriam ser vendidas mensalmente. O patrão da Countrywide vendeu, no período, 4,9 milhões de acções. A maior parte comprou-as a preços abaixo do par, exercendo o seu direito de opção, conforme consignado no contrato de gestor profissional. A prática é comum entre os executivos de topo americanos, aproveitando as facilidades que a lei lhes concedeu em 2000, como forma para se defenderem de eventuais acusações de “insider trading” - gerar lucros a partir de informação privilegiada. Juristas e economistas são unânimes. A prática não é ilegal. Todavia já são “muitíssimo raras” mudanças de planos/estratégias de venda de tão largas quantidades de “stock options” em tão curtos períodos de tempo. Será que é esta a razão pela qual muitos accionistas querem ver Mozilo pelas costas?»
Em 29 de Outubro de 2007 dávamos noticia do despedimento do «patrão» do Merryl Lynch:
«Merrill Lynch, um dos maiores bancos globais, já tomou a decisão de demitir o seu presidente do conselho de administração (CEO, em inglês) informou hoje o diário britânico Times.
Stan O’Neal não conseguiu resistir à pressão do conselho de administração do conglomerado financeiro para retirar as consequências dos USD 7,9 mil milhões/bilhões (mm/bi) de prejuízos contabilizados no terceiro trimestre, resultantes da crise hipotecária americana e do aperto do crédito no mercado interbancário, desde Agosto. O seu afastamento será oficialmente comunicado logo que seja designado um substituto que tanto poderá já pertencer aos quadros, como ser recrutado externamente.»
Daí para cá foi uma autêntica escalada, com informação cada vez mais detalhada a a noção, cada vez mais precisa de que estariamos à beira da bancarrota, porém com todos os operadores a quererem ocultar a realidade. No dia 16 de Setembro de 2008, publicavamos um post em que se afirmava o seguinte:
« Ralph Siva, director de investigação económica do TowerGroup, em entrevista concedida hoje ao canal de TV norte-americano CNBC afirmou que “existem bancos a mais” e que a situação “é insustentável”. “Não há margem suficiente no sector para aguentar o número de bancos que existem. (…) A nível mundial, um terço dos bancos, pelo menos, tem que desaparecer”, disse Silva. Em sua opinião, isso acontecerá através de falências e de processos de consolidação, nos quais os bancos mais pequenos são engolidos por concorrentes de maior envergadura. Silva concordou com a recusa da Reserva Federal (Fed) em apoiar o banco Lehman Brothers, já que a operação de salvar o Bear Stearns, em Março, não melhorou a situação financeira global. “Por que razão devemos insistir uma segunda vez?”, argumentou. “Sabemos que vai ser doloroso. Sabemos que não o devemos fazer. Por isso, acho que agiram correctamente em não terem prestado apoio”, rematou o pesquisador do TowerGroup»
Na mesma data, quando se fala da constituição de um fundo de 70 biliões de dolares para acorrer à desgraça da América, o nosso consultor Pedro Varanda de Castro chama a atenção para «os perigos do botox financeiro», salientando o seguinte:«A crise, por ser sistémica, promete agudizar-se nos próximos 2/3 anos e contaminar ainda mais outros segmentos críticos do mercado da dívida - derivativos, crédito ao consumo, seguros de crédito, entre outros.
Na primeira linha das preocupações está o importante segmento ABS - Asset Backed Securities - uma das causas da implosão do Lehman Brothers. Este mercado secou gradualmente, desde 2007. Não se encontram compradores facilmente dado que o apetite dos investidores pelo risco sofreu uma quebra dramática. À medida que as semanas passam, as instituições são forçadas a reavaliar os activos problemáticos e diariamente desvalorizados. Os prejuízos prometem galgar para níveis estratosféricos face ao risco de o mercado ser inundado pelo “lixo tóxico” que enche as carteiras de investimento do Lehman Brothers e de outras instituições, em particular dos hedge funds.
Pressionados pelo vencimento das dívidas de má qualidade, os gestores da falência Lehman Brothers vão inundar os mercados com USD 600 mm/bi de títulos a preços de liquidação. A pressão da venda vai desencadear uma reacção em cadeia - queda de preços, agravamento dos prejuízos contabilizados, desvalorização das acções e dos índices bolsistas - e agravará o clima recessivo. A situação é dificilmente reversível face à estrutura virtual da economia global. Todavia, é perceptível analisando o rácio PIB Mundial/ Liquidez Global em função dos instrumentos financeiros disponíveis, quantificados com recurso aos dados do Banco Internacional de Pagamentos (BIS, em inglês), referentes a Dezembro de 2007. Os derivativos de crédito excedem em 8 vezes o PIB Mundial e correspondem a 3/4 da liquidez global.
O agregado da massa monetária em circulação (depósitos bancários à ordem, a prazo, acções, obrigações e outros activos em papel) é pouco mais do dobro do PIB mundial e representa escassos 11% da liquidez global.
Os derivativos de crédito ou “produtos estruturados” oferecem uma míriade de instrumentos alegadamente “disseminadores do risco”.
Eles são os tumores malignos que afectam a saúde do sistema financeiro global. O seu falacioso “risco zero” transformou o mercado num gigantesco casino onde, até 2007, ninguém prestava contas a ninguém.
Grandes investidores públicos e privados - governos, autarquias, fundos de pensões, fundos soberanos, hedge funds, seguradoras, bancos, etc. - entraram no opaco mercado. Quando a bolha hipotecária explodiu os bancos centrais deram-lhe injecções financeiras de botox. Nos mercados de capitais e da dívida as operações de cosmética, a prazo, estão condenadas ao fracasso.»

Perante estas informações, que são, todavia, sumárias mas suficientemente importantes (e graves) para que se possa questionar o papel dos auditores, resultam marcadas por um sabor de mentira a generalidade das afirmações feitas nas últimas semanas pela generalidade dos dirigentes políticoxs.
E resultam com um sabor de engano os apelos à confiança nos mercados que, em boa verdade, não a merecem.
A essência do problema político suscitado por esta crise reside na problemática da confiança e bem se compreende porquê.
Conscientemente uns e inconscientemente outros, os dirigentes políticos de todo o Mundo deixaram que a parte principal dos recursos de todas as economias fosse como que confiscada pelos especuladores, em termos que colocam em risco a solvabilidade do sistema financeiro.
Como atrás se refere, os derivativos de crédito representam, em termo globais, 8 vezes o PIB mundial e a massa monetária em circulação em todo o Mundo não representa mais do que duas vezes o PIB mundial e 11% da liquidez total.
Só uma completa desregulação e uma absoluta irresponsabilidade dos dirigentes políticos permitiu que se chegasse a este ponto.
Problema maior é o de que a mentira sistemática continua, como o tempo demonstrará.
No dia 5 de Outubro, o ministro das Finanças alemão, Torsten Albig, afirmou que o governo ia dar uma garantia ilimitada do Estado a todos os depósitos de poupanças de particulares. Pouco tempo antes, a chanceler Angela Merkel tinha afirmado, durante uma conferência de imprensa, que as pequenas poupanças estavam "seguras", tentando evitar qualquer movimento de pânico da população. Mas seguras como e com quê?
No sábado, 4 de Outubro, em Paris, o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, sustentava que se deve impedir a falência de qualquer um dos grandes bancos europeus. Por seu lado, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, declarava que a crise económica "é um problema global que precisa de uma solução global".
"Cada país representado aqui hoje deverá fazer o que é necessário para assegurar a estabilidade do sistema, a segurança das famílias e das empresas nos nossos países", acrescentou Gordon Brown.
Há um velho ditado que diz que a coisa mais difícil que há em matéria de gestão financeira é fazer falir um banco e, pelos vistos, os operadores do sistema estariam perto de o conseguir, se não se verificasse uma paradoxal tendência para a nacionalização da banca, por parte, mesmo dos governos mais conservadores.
O estado a que chegou o sector financeiro só foi possível em razão da generalizada irresponsabilidade dos dirigentes políticos, agora ainda mais apostados no encobrimento da verdade, de forma a manter uma ideia de «confiança» que, claramente, o sistema não merece.
O sector financeiro tem merecido uma especial atenção dos legisladores no pressuposto de que o negócio do dinheiro e a gestão das poupanças tem uma especial importância para o desenvolvimento das economias e das sociedades.
É importante em qualquer sociedade que os fundos colocados nos bancos possam ser usados para financiar o desenvolvimento, seja por via do apoio ao consumo seja por via do apoio ao investimento.
A experiência secular dos bancos e dos banqueiros demonstrou que, ao longo de gerações e gerações, se construíram grandes empresas, dos caminhos de ferro à navegação, passando pela indústria automóvel com recurso a meios financeiros geridos pela banca e em termos que seriam impossíveis sem eles.
O sucesso passou sempre por dois vectores: uma cuidadosa análise dos pressupostos e das condições dos investimentos (due diligence) e uma cuidadosa ponderação das garantias.
A banca tradicional sempre operou entre terceiros: os depositantes de um lado e os clientes investidores do outro, com uma noção muito específica dos conflitos e da concorrência de interesses.
O drama da presente crise tem algo semelhante com o da prostituição da dona do prostíbulo. A dona do bordel passou ela própria a prostituir-se, usando os recursos que deveria pôr ao serviços de terceiros, sem que alguém lhe pedisse contas e sem tomar, no que se refere às garantias, o mínimo de cuidados.
E o que se viu foi o aparecimento de uma multidão de proxenetas, que espreitaram o furo encontraram uma fórmula de enriquecer facilmente de um dia para o outro, como que num esquema de expropriação privada de toda a poupança.
O que era um mercado de prosperidade – apregoado pelos políticos e pelos media – transformou-se, de um dia para o outro, numa incrível mentira, com os mais credíveis auditores internacionais a darem de pantanas e as melhores agência de rating a terem que reconhecer os seus fracassos.
Dramático será se, doravante, as poupanças arrecadadas nos bancos puderem continuar a ser usadas para suportar a especulação, em vez de serem destinadas ao desenvolvimento.
O normal seria que funcionasse o mercado e que falissem as instituições que não têm solvabilidade. Mas parece que a maioria dos governos vai pretender salvar os especuladores e alocar recursos públicos a essa cruzada dos políticos e da media.


As questões jurídicas

O cenário da actual crise suscita uma vastíssima lista de questões jurídicas, em quase todas as áreas do direito, desde o direito europeu à direito dos mercados de capitais, passando pelo direito da informação e pelo direito societário.
Dirá o leitor que me esqueci de referir o direito criminal; e com razão, porque a lógica do senso comum nos arrasta, de imediato, para a sumária conclusão de que, em abono dos bons princípios, se as sociedades funcionassem, deveria estar já muita gente na prisão.
O candidato Mc Cain foi peremptório na afirmação de que a hora não é de pedir responsabilidades a ninguém; e a verdade é que, atentos os valores, há, como sempre acontece, uma velada tendência para a discriminalização das condutas.
Por mais criminosas que elas possam ser, é nossa convicção de que nada vai acontecer.
No quadro do direito europeu levantar-se-à, seguramente a questão de saber se as intervenções dos Estados não serão afrontosas da concorrência, tanto mais que, ao que tudo indica, os níveis de envolvimento das diversas instituições financeiras serão diversos.
As grandes questões hão-de suscitar-se, porém, no quadro da responsabilidade civil emergente da violação de regras do direito à informação, por parte das instituições financeiras mas, sobretudo, por parte dos auditores e das sociedades de rating, nomeadamente nos quadros de avaliação de activos sem a mínima sustentabilidade.
Quanto valiam na contabilidade do Lehman e de outras instituições falidas os respectivos nomes? Que vale o nome de uma instituição falida? Como pode o nome de uma instituição falida ser considerado um activo ou ser contado como tal para artificializar um equilíbrio?
É por demais claro e evidente que há pessoas e empresas que vão perder milhões, apenas porque acreditaram em informação viciada que lhes foi prestada pelas instituições financeiras e pelos auditores. Quem vai pagar esses prejuízos? Será que os responsáveis por essas instituições vão continuar a poder dormir descansados, com os seus bens ao luar?
Provavelmente que não, porque quando tudo se esclarecer, não será difícil encontrar provas que permitam responsabilizar os culpados e recuperar boa parte dos patrimónios gerados no quadro da sua gestão danosa.
É bem provável que, a breve prazo, quando a casa for abaixo, os lesados se organizem com vista à responsabilização dos culpados e que, em conjunto, arranjem os meios necessários para o accionamento dos indispensáveis processos.


As questões económicas e financeiras

A questão mais imediata que esta crise suscita é a de saber se podemos ter confiança e que não perdemos os recursos que temos depositados nos bancos.
A resposta que tem sido dada em Portugal é a de que o sistema de garantia de depósitos assegura que os depósitos até 25.000 € se encontram garantidos. Porém não estão disponíveis dados actualizados que nos permitam avaliar, com um mínimo rigor a dimensão da crise no sistema financeiro português.
Nem o site no Banco de Portugal nem os sites dos diversos bancos oferecem informação actualizada e detalhada sobre as instituições financeiras portuguesas. O máximo da informação disponível pode encontrar-se no sítio do Banco de Portugal, no endereço http://apl1.bportugal.pt/pcopesquisa/
Mas o grande problema não é o de saber se os nossos fundos estão seguros no banco X ou no Y, mas se o próprio sistema financeiro não vai alocar as poupanças e os recursos nele depositados à resolução dos seus próprios problemas, em vez de os disponibilizar para o desenvolvimento da normal actividade produtiva.
Esse é que é o problema axial.
Uma coisa é perspectivar a possibilidade de as poupanças poderem ser usadas para alavancar a actividade económica produtiva. Outra coisa é essas poupanças serem como que confiscadas pelos sistema financeiro para financiar os seus próprios vícios e para reduzir os efeitos do escândalo dos mercados financeiros.
Nada isto tem a ver directamente com as bolsas… embora as bolsas possam ter a ver com a crise do mercado financeiro.
Se o mercado fosse transparente, não estariam aos bancos à beira da falência, por terem usado os recursos para alavancar a subida de títulos que não têm o valor que lhes foi dado. O normal é que o mercado continue a funcionar e os títulos se coloquem o valor que devem ter e que é o resultante do rendimento que potenciam.
Há muitos anos, ensinava o Prof. Teixeira Ribeiro que a cotação de um título é igual ao rendimento multiplicado por 100 e dividido pela taxa de juro (C=(Rx100)/J). Um titulo com o valor nominal de 1 € que potencie um dividendo de 0,1 €, quando a taxa de juro no mercado é de 5% vale, segundo esta fórmula 2 €, que é o dobro do valor nominal, porque rende o dobro do juro corrente no mercado.
O mercado fará a sua «justiça» e penalizará os títulos que não derem melhor rendimento do que as aplicações a juros, sendo certo que a subida das taxas de juro é o maior inimigo dos títulos, na medida em que os desvaloriza.
Se uma acção não confere direito a dividendo superior ao que resultaria da aplicação a juros do respectivo valor nominal, o melhor é desfazer-se dela, pois que uma acção que não dá rendimento não vale nada. E é preferível vender por baixo valor do que perder tudo…
No que se refere ao dinheiro depositado nos bancos há que ter prudência, pois que se toda a gente acorrer aos bancos para levantar os seus fundos, o dinheiro não chega para todos.
Diversos ministros de diversos países anunciaram que os governos garantiam o o pagamento dos depósitos em caso de falência dos bancos. Essas «garantias» não passam de pura demagogia, enquanto não forem publicadas leis que as afirmem.
Bom negócio, para quem tenha dinheiro disponível, será emprestar dinheiro a juros, com garantias fortes, porém com o cuidado de não cair no quadro do crime de usura.
Há coisas que os bancos podem fazer e que não podem fazer os particulares. Uma delas é cobrar juros, por valores superiores ao que aqueles podem fazer.
Mas há coisas que só os particulares podem fazer: e uma delas é guardar o seu dinheiro no colchão, com o fizeram durante décadas, com receio de o perder.
Lembro-me de que o meu avô não guardava um cêntimo nos bancos porque tinha medo de lhe roubarem o dinheiro e que o meu pai só abriu uma conta no Banco Nacional Ultramarino (no inicio dos anos 60) porque o gerente Pratas lhe garantiu uma remuneração nos depósitos à ordem e com pré-aviso.
Questiono-me por que razão o meu banco não me credita juros pela simples manutenção de depósitos à ordem. Talvez seja o momento de eu retirar de lá o meu dinheiro.

MR