quarta-feira, fevereiro 04, 2009

Valha-lhes o Santo Expedito



Fico espantado quando leio o que escreve o meu amigo Gabriel Cipriano, do Rio de Janeiro, no Portugal Club:
«Quem conhece nossas comunidades sabe que somos o grupo mais desunido, mais hipocrita e invejoso que tem na face da terra.
O cerne dessa desunião não é partidário, não é religioso,tão pouco dogmático. Ele é genético.
Quando há eleições para o Conselho das Comunidades, a lenga, lenga nos almoços de confraternização, corre solta sobre a falta de união, os interesses comuns que devem ser preferidos, o fortalecimento associativo e outras falsidades muito próprias de nossa gente.
Na hora de votar e eleger, assiste-se ao inverso destas intenções, e um verdadeiro caudal de patifarias acontece.
Nas eleições para a AR tem vigorado o VOTO/CORREIO que, como temos denunciado, é um sistema do interesse de uma grande parcela da emigração que, pelos vistos, também agrada a sua excelência o Presidente da Republica.
Concluimos isto, diante de seu VETO à lei que estabelece o VOTO/PRESENCIAL.
O mundo inteiro conhece as falcatruas que a emigração portuguesa pratica nos pleitos eleitorais, quando votam os vivos e votam os mortos e, como os mortos são mais numerosos, os PSDistas, sempre ganham a eleição.
Mas o Senhor Presidente, não sabe disto, nunca deve ter ouvido falar. A tosca prática é tão vulgar que ninguem teria a coragem de menciona-la a sua excelência, sem lhe dar o tom de piada feita.
Milhares de emigrantes não votam, eles oferecem os modelos recebidos do correio aos amigos e compadres que os preencherão e enviarão a Lisboa, consagrando a vitória de seus correligionários.
Apesar de nossas convicções contrárias, apostamos que sua excelência desconhece a história desta roubalheira. Mas se nunca ouviu falar dela e se a emigração lhe é indiferente como se alinha aos corifeus do partido que combate a lei socialista ?
Indignados diante do desaforo lembramos até de queimar nosso voto, pois se o devolvemos ao remetente em sinal de protesto, ele se prestará a mais uma canalhice e será aproveitado para engrossar o lote do partido ganhador.
VOTO/CORREIO é isso, está viciado de ponta a ponta e simboliza a falcatrua mais vergonhosa que se conhece em termos de eleição.
Concluindo, lamentamos que o desprezo de Lisboa para com a emigração e suas dissidias se configure em tão agressivos detalhes que, sendo da responsabilidade do Presidente da Republica, toma ares de algo grave. Muito grave.»
Gabriel Cipriano é um fiel e por isso o respeitamos.
Nunca o ouvimos falar da necessidade descolonizar as «colónias» da emigração, ou criticar as negociatas das listas com as máfias dos bingos.
Tampouco alguma vez lhe ouvimos uma palavra clamando pela efectiva representatividade das comunidades da Diáspora, cujos lugares no parlamento têm sido, literalmente, expropriados por quem nada tem a ver com emigração.
Não lhe ouvimos uma palavra perante a distribuição aos milhares da pagela que aqui se publica e que foi uma das peças de propaganda do Partido Socialista no Rio de Janeiro.
E agora critica Cavaco Silva, que limitou a exercer um direito de veto que, tenho a certeza, Mário Soares também exerceria, se tivesse sido eleito.
Esses tótós que votaram a lei não percebem que, para além de retirar direitos aos emigrantes, o único partido que teria capacidade para acarretar milhares de votantes para as assembleias de voto é o Partido Comunista...
Valha-lhes o dito... Santo Expedito.
Parabéns a Cavaco Silva. Este é um veto decente.