quinta-feira, junho 16, 2016

A recapitalização da Caixa

Alguém sabe o que é uma operação de "recapitalização"?
Alguém sabe em que sentido falam os jornais de "recapitalização" da Caixa Geral de Depósitos?
Eu não sei, mas, ao que parece do que se tratará é da necessidade de mais capital na Caixa Geral de Depósitos.
O capital social da CGD é representado por 1.180.000.000  ações do valor nominal de 5 euros cada uma, o que totaliza 5.900 milhões de euros.
Em dezembro de 2015 foi anunciado que a CGD tinha uma necessidade de capital da ordem dos 400 milhões de euros.
Ultimamente, os jornais têm falado da necessidade da ordem dos  4.900 milhões, o que projetaria o capital da instituição para 9.800 milhões de euros.
Segundo a fact sheet de 2016 não há nenhuma evidência de um tão grande aumento da capital.
O ativo liquido da instituição ultrapassa dos 100.000 milhões de euros, situando-se o crédito a clientes na casa dos 65.000 milhões.
As provisões e imparidades situavam-se, no fim do 1º trimestre, na casa dos 84,2 milhões, situando-se a projeção do resultado liquido do trimestre em 74 milhões negativos.
Não se entende, com este quadro, uma necessidade de capital, da ordem dos 4.900 milhões, a não ser que esteja em curso mais uma manobra para salvar o euro e salvar os outros bancos.
O que temos visto nos últimos anos é um esquema muito simples, porém gerador de um ciclo vicioso.
Os Estados perderam a soberania monetária para o BCE.
A moeda perdeu a sua principal caraterística, que era a da estabilidade do valor, independentemente de quem a possuísse.
Ora, inequivocamente, o euro tem hoje valores diferentes, em razão do país em que o mesmo se negoceia, não em razão do valor da moeda mas em razão da “cara” do país.
O BCE empresta euros aos bancos a um taxa de juros próxima do 0,00%, procedendo as instituições financeiras aos empréstimos às empresas e aos Estados, com taxas de juro que, sendo embora baixas, por relação a outros períodos, são extremamente altas, por relação à praticadas pelo BCE.
Há quem sustente que o negócio da divida pública – et pour cause, as políticas de austeridade – são, essencialmente, um expediente para evitar a falência dos bancos e de instituições internacionais, como o FMI e o próprio BCE.

Faz sentido a “capitalização” da CGD em 4.900 milhões de euros, para safar os intermediários financeiros.