Alguém sabe o que é uma operação de
"recapitalização"?
Alguém sabe em que sentido falam os jornais de
"recapitalização" da Caixa Geral de Depósitos?
Eu não sei, mas, ao que parece do que se tratará é da
necessidade de mais capital na Caixa Geral de Depósitos.
O capital social da CGD é representado por 1.180.000.000 ações do valor nominal de 5 euros
cada uma, o que totaliza 5.900 milhões de euros.
Em dezembro de 2015 foi anunciado que a CGD tinha
uma necessidade
de capital da ordem dos 400 milhões de euros.
Ultimamente, os jornais têm falado da necessidade
da ordem dos 4.900 milhões, o que
projetaria o capital da instituição para 9.800 milhões de euros.
Segundo a fact
sheet de 2016 não há nenhuma evidência de um tão grande aumento da
capital.
O ativo liquido da instituição ultrapassa dos
100.000 milhões de euros, situando-se o crédito a clientes na casa dos 65.000
milhões.
As provisões e imparidades situavam-se, no fim do
1º trimestre, na casa dos 84,2 milhões, situando-se a projeção do resultado liquido
do trimestre em 74 milhões negativos.
Não se entende, com este quadro, uma necessidade de
capital, da ordem dos 4.900 milhões, a não ser que esteja em curso mais uma
manobra para salvar o euro e salvar os outros bancos.
O que temos visto nos últimos anos é um esquema
muito simples, porém gerador de um ciclo vicioso.
Os Estados perderam a soberania monetária para o
BCE.
A moeda perdeu a sua principal caraterística, que
era a da estabilidade do valor, independentemente de quem a possuísse.
Ora, inequivocamente, o euro tem hoje valores
diferentes, em razão do país em que o mesmo se negoceia, não em razão do valor
da moeda mas em razão da “cara” do país.
O BCE
empresta euros aos bancos a um taxa de juros próxima do 0,00%, procedendo as
instituições financeiras aos empréstimos às empresas e aos Estados, com taxas
de juro que, sendo embora baixas, por relação a outros períodos, são
extremamente altas, por relação à praticadas pelo BCE.
Há quem
sustente que o negócio da divida pública – et
pour cause, as políticas de austeridade – são, essencialmente, um
expediente para evitar a falência dos bancos e de instituições internacionais,
como o FMI e o próprio BCE.
Faz sentido
a “capitalização” da CGD em 4.900 milhões de euros, para safar os intermediários
financeiros.