sábado, novembro 17, 2007

Novamente o Brasil...


O Brasil voltou a ser notícia com a descoberta de grandes jazidas de petróleo, numa plataforma em que a Galp tem uma fatia de 10%.

Como diz uma amiga minha, a relação Portugal-Brasil «tem tudo para dar certo». Mas parece que continuamos a andar, em muitos aspectos, de cadeias às avessas.

Penso que é muito importante, nesta fase do campeonato, estabilizar as relações comerciais e incrementar a troca bilateral no plano do comércio e dos serviços, mas também na troca das pessoas, que é o que mais marca a relação entre ambos os países.

Leio no site da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil:


«O Brasil exportou até outubro US$ 1,48 bilhão para Portugal, antecipando em dois meses a marca de US$ 1,47 bilhão conseguida no total do ano passado, revelam dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). O resultado beneficiou de um outubro recorde, com o Brasil a colocar produtos no valor de US$ 245,4 milhões em Portugal, o que resultou num superávit mensal de US$ 209,9 milhões.
O Brasil registrou em outubro um superávit comercial recorde com Portugal, conseguindo nesse mês um saldo positivo de US$ 209,9 milhões. Foi a primeira vez que o Brasil obteve num só mês um superávit acima dos US$ 200 milhões na relação com Portugal. Um resultado que beneficiou daquele que terá sido um dos melhores registros mensais de sempre das vendas brasileiras para Portugal: US$ 245,4 milhões.
As exportações brasileiras para o mercado português em outubro foram as mais elevadas dos últimos 22 meses, pelo menos, de acordo com as informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC).
Embora o Brasil tenha ampliado sua vantagem no comércio bilateral, a verdade é que Portugal também conseguiu em outubro o melhor registro mensal de 2007 nas suas vendas para o Brasil, colocando no mercado brasileiro produtos no valor de US$ 35,5 milhões, um número que ultrapassa a anterior marca mais elevada do ano, conseguida com US$ 34,9 milhões, em março.»


Os empresários portugueses andam, literalmente, distraídos ou vão ao Brasil dando menos atenção às potencialidades económicas do país do que aos prazeres da carne e do sol que ele propicia (1).

Mas isso não é razão para travar - ou não ajudar a desenvolver - as exportações do Brasil para Portugal, transformando o nosso país numa plataforma para a entrada de produtos brasileiros na Europa.

Estou convencido de que o défice tem já o seu quê de artificial, pois que uma boa parte dos produtos que o Brasil exporta para Portugal são, depois, exportados para outros países europeus, através de empresas portuguesas, detidas por empresas ou empresários brasileiros.

Isso é bom para Portugal e para o Brasil e não pode ser aproveitado para explorar, em termos perversos, um desequilibrio que talvez não seja tão grande como parece.

O ideal seria, aliás, que esse desequilibrio aumentasse, nesse pressuposto de que Portugal é a melhor plataforma de que os nossos irmãos brasileiros podem beneficiar para entrar no mercado europeu.


Esta semana aconteceu a II Missão e Encontro de Negócios Brasil-Portugal, que nos trouxe a visita de cerca de 70 pessoas, entre empresários e prestadores de serviços.

Gente que queria encontrar parceiros e fazer negócios e que, para além da cortesia, muito pouco leva no regresso.

Felizmente, aproveitaram todos um excelente verão de São Martinho, tiveram a oportunidade de ver Viana do Castelo com um outono de maravilhosos coloridos e esta Lisboa, sob a elegância de um incomparável azul de céu.

Enfiaram-nos ao 3º dia num evento destinado a promover o conhecimento para o desenvolvimento das exportações portuguesas, onde só acidentalmente poderiam encontrar interlocutores.

Foi uma terrível maldade, só compensável com o bom clima e a boa gastronomia que a nossa terra tem.

É altura de deixarmos de ser tão egoistas e de sermos mais profissionais.

Esta gente vinha à procura de parceiros e não os encontrou.

Foi como convidar uma turba se moças casadoiras para um baile e esquecer o convite aos moços...


(1) - Refiro-me, obviamente, aos churrascos e a essa coisa maravilhosa que se chama rodízio...