O mais interessante da crise que vivemos - e cuja sintomatologia é visível desde o verão de 2007 - é a transformação da comunicação social.
Os jornais, as estações de rádio e as televisões continua a merecer crédito no que se refere ao noticiário dos crimes e dos acidentes rodoviários. Mas a história recente (dos últimos três anos) vem demonstrando que não merecem nenhum crédito no plano da informação económica e financeira, em que são usados e abusados por uma manipulação gigantesca gerada a montante.
Dependentes da informação dos auditores e das empresas de informação especializada, nomeadamente das de rating, os meios de comunicação social acabam por ser meras peças de uma engrenagem marcada pelos conflitos de interesses e por uma nova ética, assente, essencialmente, numa lógica lúdica.
Talvez por isso mesmo - e porque têm medo - nenhum meio de comunicação social deu notícia tempestiva dos riscos de falência dos bancos que faliram; como, agora, nenhum ousa avisar que há um efetivo risco de os depositantes perderem os valores que tenham depositados nos bancos, pela simples razão de que os bancos não têm dinheiro para solver as suas obrigações.
E não é só em Portugal. Na Alemanha só um dos bancos principais tem um passivo superior a 95% do PIB alemão.