Leio isto num jornal digital, citando fontes portuguesas:
"A ex-ministra das Finanças, Manuela Ferreira Leite, afirma que Portugal é hoje um país pobre, sem jovens e sem futuro, apesar de ter cumprido o acordado no memorando de entendimento com a “troika”.
"Cumprimos tudo, mas há uma resposta que não foi dada: o que acontece às pessoas, onde estão os jovens, onde está o Estado social, é que não há resposta para isto", disse a ex-governante, no Fórum das Políticas Públicas 2014, a decorrer em Lisboa.
"Temos um país pobre, sem jovens e sem futuro. Se não é isso que queremos, algo está mal. Quer dizer que as regras europeias não estão a condizer com o espírito do Estado social", afirmou.
Manuela Ferreira Leite apelou ainda para uma discussão aberta sobre o Estado social.
O Estado social "revela-se muito caro e temos de o discutir", defendeu, acrescentando que a discussão "não pode resumir-se às regras" e criticando o actual entendimento que está muito baseado no cumprimento de normas.
"É a mesma coisa que dizerem que vai fazer uma cirurgia, mas o paciente também quer saber qual a sua qualidade de vida" depois da operação, explicou."
Penso que Francisco Sá Carneiro diria o mesmo, se cá estivesse.
A dicotomia que hoje divide a sociedade portuguesa distingue os que entendem que o Estado deve continuar, como pessoa coletiva, organizadora do interesse social, ou que deve ser liquidado, mais ou menos à maneira da liquidação das antigas "democracias populares" dividindo-se as receitas pelos plutocratas e pelos oligarcas que tomaram conta do poder.
Há muitas maneiras de tomar o poder: uma delas é começar como consultor de uma agência de rating ou de um banco de investimentos e posicionar-se para participar nos lobbys da dívida pública e da dívida privada.