sexta-feira, outubro 02, 2015

Porquê votar no Partido Socialista

Fui militante do PS durante mais de  30 anos. Demiti-me me 2005, em termos que são conhecidos.
A maioria dos meus amigos políticos está no PS.
O Partido Socialista, tal como todos os outros, deixou-se  invadir por uma tralha (ou mesmo várias tralhas, tantas quanto as facções) incomodativa dos que se habituaram a ver os partidos como formas de organização solidária dos cidadãos e não como máquinas de tráfico de influências.
A partir de certa altura passou a ser desconfortável conviver com gente sem ideias e com demasiados projetos, todos eles assentes em lógicas egoístas.
Por isso eu saí, como saíram outros.
Os partidos políticos, colonizados por jovens dirigentes, que nunca tiveram profissão e nunca fizeram nada na vida, transformaram-se em máquinas de assalto ao poder, sem ética nem vergonha, dominadas por minorias sem expressão.
Todos temos a noção dessa realidade.
Todos temos a noção de que a vida dos partidos depende de meia dúzia de gajos organizados e do exercício de lógicas que nem sequer são democráticas, até porque assentam num princípio de raiz totalitária, o de que só se dedica, a sério, à política quem, verdadeiramente, não tem que exercer um profissão.
Mas a Democracia não é viável sem os partidos políticos.
Por mais chateado que eu possa estar com o passado, sinto que tenho que votar nas próximas eleições, não podendo continuar a abster-me como o fiz nas antecedentes.
Esta coligação PSD/CDS conduziu o país a uma situação desastrosa, muito mais grave do que aquela em que o mesmo se encontrava, quando Sócrates o deixou.
A divida pública cresceu brutalmente, o desemprego agravou-se, a emigração aumentou.
A única coisa “positiva” é o facto de o país se ter transformado num dos mais baratos do mundo, talvez porque tudo tem feito este governo para desvalorizar o que é português, de forma a poder vendê-lo ao desbarato aos estrangeiros.
Portugal tinha tribunais, como acontece nos países civilizados.
Praticamente deixou de ter; porque não funcionam, em nenhum plano e a Justiça não merece a mínima confiança.
O sistema judiciário que era moderno e tinha beneficiado de grandes progressos foi praticamente destruído nos últimos 4 anos e não só ninguém denuncia esta realidade como se conforma com ela.
Um dos setores mais importantes da atividade administrativa da República é o que controla os cidadãos e as migrações, assente em duas organizações: o Serviços de Estrangeiros e Fronteiras e o Instituto dos Registos e do Notariado.
Foram presos o diretor geral do Serviços de Estrangeiros e Fronteiras e o Presidente do Instituto dos Registos e do Notariado, estando ambas as organizações reféns de mãos invisíveis, o que é especialmente importante para um país que tem uma diáspora enormíssima e se posiciona como uma plataforma do negócio dos refugiados e das migrações económicas, máxime da que é comandada pelos interesses do Partido Comunista da China.
Acredito que José Sócrates só foi preso porque era um ex-primeiro ministro e estava na oposição. Não acredito que nenhum agente do Ministério Público tenha a coragem de prender um primeiro ministro ou um presidente da República.

Para além de outras razões, essa é uma razão positiva para justificar a alternância democrática: só por via da substituição do governo se criam condições para averiguar o que foi abafado durante a permanência no Governo, naturalmente, para assegurar a estabilidade governativa.
Tudo é tão obscuro – ou tão pouco claro  - que é legitimo questionar a que mafias respondem os governantes do meu país.
Claro que se justifica uma cuidadosa e rigorosa investigação do caso Tecnoforma; como se justifica uma reabertura do caso dos submarinos. Mas é evidente que isso só é possível se se substituir o Governo. Também  ninguém incomodou José Sócrates enquanto foi primeiro-ministro.
Assisti ao nascimento da III República.
Acompanhei as primeiras campanhas eleitorais.
Tudo mudou, artificializando-se a Democracia com o abuso de sofisticadas técnicas de manipulação e de controlo de conteúdos e de fluxos informativos.

Não gosto da lógica totalitária das jotas, muito marcada pela ressurreição de algumas regras da contrapropaganda definidos no Le viol des foules par la propaganda politique de Serge Tchakhotine.
É o regresso ao vazio dos conceitos e da política, tal qual se viu na matriz imposta pelo Governo a esta campanha eleitoral.
Há uns anos, percebendo essa mecânica, como que desisti da Democracia, deixando de votar.Parece-me que cheguei (chegamos) ao limite, pois que o País está em vias de desaparecer, se não houver uma mudança e se ninguém lhe tomar o freio.
Ao contrário do que me pedem, não confio em António Costa, apesar de o conhecer há muitos anos.
Não gostei das referências que fez, durante a campanha, aos seus amigos estrangeiros, que são do piorio, com agora se viu com o escândalo Volkswagen. 
Se os amigos são os do SPD ou do PS francês, não são boas referências.
Mas votar em quem, então?
António Costa garantiu-nos, a todos, que não vai aliar-se ao PSD ou ao CDS para continuar a política que tem sido desenvolvida, desde há 4 anos.
Será que esta afirmação merece confiança?
Todos temos dúvidas. 
Mas não temos outra saída, porque não há nenhum partido posicionado como está o PS para poder, querendo, dar uma volta ao País.
Eu não tenho confiança. 
Mas não tenho outra saída.
Vou votar no PS, mas voto de forma condicionada, com uma declaração de voto.
O meu voto não é válido para fazer coligações ou alianças com o PSD ou o CDS.
Se o António Costa fizer alguma aliança com essas tralhas, vai ter-me à perna, porque violará o meu voto.