terça-feira, fevereiro 02, 2021

A inveja e o resto

 

            Passou quase um ano sobre o início da pandemia.

            O País mudou muito, tanto que quase deixou de existir.

            A pandemia como que gerou uma espécie de paralisia cerebral, que normalizou o pensamento dos chamados influenciadores, que são umas pessoas que, sem serem jornalistas, se implantaram nos meios de comunicação ou que, sendo jornalistas, traíram a ética jornalística.

            Há de tudo, ex-políticos, ex-advogados, filhos de uns e de outros, armados, dia a dia e cada vez mais,  em julgadores dos outros, a começar pelos políticos a quem tentam ocupar todo o terreno.

            A inveja gerou, entretanto, apelos generalizados à chacina.

            Chacine-se o padre mais a mãe, porque tomaram a vacina do lar; mais os diversos presidentes das câmaras e das juntas, as da família e as amantes que tomaram as vacinas das sobras e a quem agora os achadiços das televisões chamam de chicos espertos.

           

 

            Esqueceram-se de dizer quem deveria ser vacinado com as sobras. E as pessoas que estavam obrigadas a gerir as parcas vacinas decidiram vacinar com as sobras quem estava mais próximo,  em vez de as mandar para o lixo.

            Caiu o Carmo e a Trindade ao ponto de as televisões serem enxameadas de candidatos a  juristas a dizer as maioridades, incluindo propostas de alteração ao Código Penal, para punir os faltosos.

Claro que eu sí escrevo isto, dirão os invejosos, porque já cá canta a primeira dose e já está marcada a segunda.

Que se lixe a vizinha África, a América ou a Ásia. Uma chica esperta está a atacar a Presidência Portuguesa porque não tomou a iniciativa de bloquear as patentes de vacinas aprovadas pela autoridade europeia, de forma a confiscar toda a produção para vacinar os europeus, antes de todos.