Passou quase
um ano sobre o início da pandemia.
O País mudou muito, tanto que quase
deixou de existir.
A pandemia como que gerou uma
espécie de paralisia cerebral, que normalizou o pensamento dos chamados
influenciadores, que são umas pessoas que, sem serem jornalistas, se implantaram
nos meios de comunicação ou que, sendo jornalistas, traíram a ética jornalística.
Há de tudo, ex-políticos, ex-advogados,
filhos de uns e de outros, armados, dia a dia e cada vez mais, em julgadores dos outros, a começar pelos políticos
a quem tentam ocupar todo o terreno.
A inveja gerou, entretanto, apelos
generalizados à chacina.
Chacine-se o padre mais a mãe,
porque tomaram a vacina do lar; mais os diversos presidentes das câmaras e das
juntas, as da família e as amantes que tomaram as vacinas das sobras e a quem
agora os achadiços das televisões chamam de chicos espertos.
Esqueceram-se de dizer quem deveria
ser vacinado com as sobras. E as pessoas que estavam obrigadas a gerir as parcas
vacinas decidiram vacinar com as sobras quem estava mais próximo, em vez de as mandar para o lixo.
Caiu o Carmo e a Trindade ao ponto
de as televisões serem enxameadas de candidatos a juristas a dizer as maioridades, incluindo
propostas de alteração ao Código Penal, para punir os faltosos.
Claro que eu
sí escrevo isto, dirão os invejosos, porque já cá canta a primeira dose e já
está marcada a segunda.
Que se lixe a vizinha África, a América ou a Ásia. Uma chica
esperta está a atacar a Presidência Portuguesa porque não tomou a iniciativa de
bloquear as patentes de vacinas aprovadas pela autoridade europeia, de forma a
confiscar toda a produção para vacinar os europeus, antes de todos.