quinta-feira, dezembro 30, 2004

Portugal visto à distância

Estou no Brasil e nem quero acreditar no que leio no site oficial do PS.
Jaime Gama a encabeçar a lista de Lisboa depois dos discursos que fez no Congresso? Só pode ser interpretado como uma provocação...
Pina Moura, sobre quem foram lançadas gravíssimas suspeitas no plano da ética política, por ter aceite ser nomeado representante da Iberdrola depois de ter sido Ministro das Finanças, aparecer de novo a liderar a lista do circulo da Guarda, é, obviamente, outra provocação.
Maria Carrilho a liderar a lista do PS para o Círculo da Europa é uma provocação ainda maior, sabendo-se como se sabe que todas as federações indicaram uma lista em que o seu nome se não continha.
Aníbal Araújo - uma espécie de Zé das Medalhas - pessoa das relações do principal concorrente, José Cesário, a liderar a lista do Círculo Fora da Europa é, pura e simplesmente uma ofensa aos eleitores desse círculo.
Matilde Sousa Franco, a viuva de António Sousa Franco, a liderar a lista do Circulo de Coimbra é coisa que não cabe na cabeça de ninguém de bom senso, por mais respeitável que seja (como de facto é) a Senhora.
Luís Amado, uma personalidade obscura sem militância partidária activa conhecida, a encabeçar a lista de Viana do Castelo é coisa que dificilmente se entende.
O JN diz aque Vitorino foi escolhido para Setubal porque a mulher foi médica nos Hospital de Almada.
Parece que está tudo doido.
Como noutras ocasiões, o PS volta a estragar-nos a festa.
Só se conhecem os cabeças de lista, mas com estes nomes, acho que o PS não vai lá.
Por mim, por muito que me custe, eu tenho muita dificuldade em votar no Jaime Gama, depois de ter ouvido o que ele disse no Congresso e - mais grave - na abertura da campanha eleitoral.
Parece-me que o PS está a perder as suas características de partido social-democrata. O ar está fétido de compromissos estranhos. Muita desta gente é estranhíssima...
Respiro nos contactos que faço a esta distância o cheiro dos vampiros que se preparam para saltar sobre o país moribundo.
Os inimigos que se alojam na nossa casa são sempre piores que os inimigos que conhecemos no exterior.