sexta-feira, janeiro 13, 2006

Um País em roda livre...

Das agências:
«O Presidente da República, Jorge Sampaio, afirmou esta sexta-feira que «a gravidade» dos factos noticiados pelo jornal 24 Horas quanto ao registo de chamadas telefónicas de dezenas personalidades políticas e altas figuras do Estado no âmbito do processo Casa Pia «exigem que as averiguações estejam ultimadas a curtíssimo prazo».
Numa declaração ao País, o chefe de Estado referiu que perante o conteúdo da notícia «tornava-se imperioso averiguar da sua veracidade e daí tirar as necessárias consequências disciplinares e políticas».
Situações desta natureza «não podem passar em claro», frisou Jorge Sampaio.
«Independentemente da responsabilidade disciplinar e criminal a que, concluídas as urgentes averiguações em curso, possa haver lugar pelos factos hoje noticiados, também delas tirarei, se for o caso, as adequadas consequências no exercício das minhas competências constitucionais», concluiu o Presidente da República. »
O País ficou atónito com o que muita gente imagina há muito tempo: acabou completamente a privacidade das comunicações telefónicas.
Cada um de nós é um potencial criminoso porque não é dificil retirar das nossas conversas excertos fora de contexto.
Ainda há pouco uma amiga e colega de há muitos anos perguntava ao telefone, referindo-se à mulher de um amigo comum: «Como está a heroina?»
A heroína é a mulher de um amigo nosso, que tem a coragem de o aturar e que por isso merece o título. Todavia uma conversa destas pode ser fonte do maior sarilho, envolvendo os interlocutores e as pessoas das suas relações. Claro que isto «cheira» logo a tráfico.
Este País está perigoso e o Dr. Sampaio continua na sua ingenuidade.
Inquéritos? Quem vai fazer os inquéritos? Serão os próprios que viciaram as regras do jogo?
O Dr. Sampaio já deveria ter concluído há muito tempo que o País precisa de outro Procurador Geral da República.
E é algura de pensarmos na necessidade de esta figura do Estado ter outra legitimidade.
O Procurador deveria ser eleito por sufrágio universal, na mesma data em que é eleito o Presidente da República.