terça-feira, março 28, 2006

A lógica dos bandalhos

Estou a ficar histórico, gozando cada vez mais com as lições da genética social, numa perspectiva de história contemporânea.
Conheço quase toda a gente que quem se fala e até os que andam por aí. Vi nascer muitos deles no idos de 70 e acompanhei-lhes o curso e o percurso.
Conheço uma boa parte dos filhos de puta da sociedade portuguesa e tenho um enorme respeito por eles. Para ser filho de puta - em sentido político, entenda-se - é preciso, pelo menos, ter ousadia e ser inteligente.
O filho de puta é, normalmente, um indivíduo que se assume como tal. Muda de posição mas justifica-o sempre com um pragmatismo que é a marca principal da sua acção.
Também conheço os vermes, que são moles como os que lhes deram o nome e se aconchegam sempre à forma a que se encostam. São peganhentos e agarram-se a nós, quando nos distraimos, à falsa fé, como as lombrigas. Claro que não merecem o mesmo respeito que os filhos de puta...
O género mais repugnante é, porém, o dos bandalhos. Não merecem nem o respeito dos filhos de puta nem a repulsa que merecem os vermes. São intelectualmente desonestos e não querem ter história, como se assumissem o ciclo da merda como paradigma da sua própria vida.
O que conta para eles é o dia a dia e essa autólise do passado que tem no cagalhão a expressão máxima. Um cagalhão vale mais de 50 orgasmos.
O que é preciso é defecar como se as fezes fossem o plural de uma fé que move montanhas.
Ficam, por natureza, enfezados, como bem se compreende porque as fezes fazem parte das suas próprias histórias.
Aliás, bem vistas as coisas, os bandalhos não têm história, porque se borram todos os dias e a história é tudo o que está para além disso e que neles, por vontade própria, não existe.
Infelizmente, só temos uma solução que é apertar o nariz quando se cruzam no nosso caminho.
***
Estava eu nesta reflexão e dei-me com uma nota, que refere o meu nome, no site do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Fico triste: o indivíduo que a subscreve foi jornalista, nos meus tempos dos jornais, e conviveu durante anos com gente honesta.
Só por esse facto, nunca dei importância a coisas que ouvi, dos tempos em que assessorou Mário Soares na Presidência da República. Até o defendi, seguindo o princípio da dúvida metódica que manda que não se façam juizos de valor negativos sem ter prova para suportar os mesmos.
Dou-me conta de que, na nota que subscreveu, mente e manipula em termos que são ofensivos não de mim (a quem não ofende quem quer mas apenas quem quer) mas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, cuja dignidade está obrigado a respeitar.
Nunca mais lhe falo, por uma questão de higiene.
Este indivíduo, que trabalhou com o meu amigo Mário Zambujal é um malandro, mas não é dos bons. É, pura e simplesmente, um aventureiro sem escrúpulos, que não ousa apurar a verdade antes de ousar escrever.
Uma criatura destas merece apenas uma coisa... desprezo.
Volto a apertar o nariz...
***
A criatura não tem a noção do que diz e vai ao ponto de afirmar que o que eu quero é que o Consulado escancare as portas a procuradores e despachantes, como se eu tivesse algum interesse nisso.
Nunca os despachantes ganharam tanto dinheiro como agora, organizando os papéis dos info-ignorantes e cobrando elevadas maquias aos que a eles recorrem pela simples razão que as portas da repartição fecharam.
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Nota sobre o historial da situação do menor mickael 2005/11/18 Porta-Voz

Emitimos, dia 14 de Novembro, o título de viagem para Lisboa em nome de Mickael S. Leite, de quatro anos de idade, para entrega a um advogado brasileiro do pai, membro do escritório local do Dr. Miguel Reis.
Este desmultiplicou-se em acusações desde o dia 7 de Novembro porque o Consulado não emitira o referido documento logo nesse dia, por razões humanitárias, justificadas numa alegada necessidade de os pais da criança terem de deixar São Paulo dois dias depois.
Ora, como ele sabe, só o poderíamos fazer legalmente quando autorizados a tanto pela Conservatória dos Registos Centrais.
Acresce que o alegado caso humanitário era bastante duvidoso pois filho e mãe estiveram mais de um ano sem documentos em São Paulo, onde o pai português os visitou repetidamente. Podiam ter tratado do assunto há muito tempo.
Aliás, os pais da criança, na única vez em que se conseguiu falar a sós com eles, não alegaram que tinham tentado anteriormente tratar do assunto.
Apenas que queriam que a criança pudesse acompanhar a mãe dois dias depois. É claro que, como a nacionalidade “brasileira” da mãe fora obtida com base em documentos falsos, que dizem por exemplo ela ter nascido em Catende, Pernambuco, é natural terem tido receio de tratar da nacionalidade portuguesa do miúdo, quer aqui quer em Genebra, onde nasceu, e alegadamente viveu antes de São Paulo, até que estas autoridades decidissem se lhes restituíam ou não os confiscados documentos de identidade brasileiros.
Além disso, a ser verdade que a mãe foi expulsa do Brasil, o que o Consulado até hoje não conseguiu comprovar junto da Policia Federal, o pai não o foi e podia ter ficado a tomar conta do filho até ao desfecho deste assunto.
Das três vezes que foi ao Consulado, dias 7, 8 e 9 de Novembro, o pai nunca nos disse que precisava de regressar a Genebra para não ser despedido, como dois dias depois viria a declarar à Lusa, apenas que tinha compromissos urgentes.
Finalmente, se a mãe e o filho estiveram em São Paulo um ano e meio em casa de uma irmã daquela, não se percebe porque é que a criança teria agora que estar ao cuidado de um “taxista”, a não ser que também a tia tivesse subitamente tido que deixar o Brasil…
2. Ao contrário do que é habitual nos vários casos genuinamente humanitários que resolvemos semana após semana, o contacto directo com estes utentes foi bloqueado pelo advogado e o Consulado, cuja experiência e eficácia nestas matérias são grandes, não pôde assim esclarecer as muitas dúvidas que teve e tem..
De uma coisa temos no entanto a certeza absoluta, ninguém tentou contactar-nos sobre este assunto até dia 7 do corrente e, quando o fizeram, foram atendidos com toda a celeridade, e sem qualquer obstáculo à presença de advogado português durante duas das três entrevistas dadas aos pais da criança, apesar de ela ser totalmente injustificada e supérflua.
Não podemos deixar de reiterar o que a Sofia disse à Lusa no sábado, que é uma estranha coincidência que o primeiro utente que se queixa de não ter conseguido entrar em contacto connosco seja justamente um cliente do Dr. Miguel Reis, quando o Consulado processa efectivamente todos os dias quase mil chamadas telefónicas, centenas de cartas e dezenas de faxes e de mensagens electrónicas.
ustamente o mesmo Dr. Miguel Reis que nos faz incessantemente acusações infundadas, sobretudo desde que o Consulado simplificou de tal modo as relações com os utentes que, de Maio de 2004 até hoje, nunca mais teve filas de espera, nas quais procuradores ilícitos recrutavam todos os dias clientes - e desde que, seis meses depois, em Outubro, deixámos pura e simplesmente as antigas instalações, situadas no meio de uma pletora de “escritórios de documentação” incluindo o dele.
Ou o mesmo que há um mês atrás andou a promover outro caso de putativas “dificuldades de acesso ao Consulado”, esse de quatro portugueses que não teriam conseguido recensear-se - quando nunca se recensearam tantos como agora: nem mais nem menos que 2000 em 18 meses, contra 20 em 4 anos…
Ou seja, o mesmo Dr. Miguel Reis que quer que o Consulado em São Paulo volte a escancarar as portas aos procuradores e despachantes e que, para esse efeito, só descansará quando as autoridades portuguesas cederem à sua intimidação.
O Porta-Voz do MNE António Carneiro Jacinto