A crise está a crescer e os cidadãos estão a ser enganados todos os dias.
Não há quaisquer dúvidas de que a podridão que se agrava todos os dias está nos mercados financeiros, que sorvem, de forma desmesurada, os recursos que deveriam ser alocados ao funcionamento da economia real.
A pergunta que urge fazer é esta: porque não fechar as bolsas, ao menos temporariamente, a começar por uns seis meses?
É claro que as empresas nada ganham com o mercado bolsista. Quem ganha ou perde são apenas os jogadores, que ali procuram obter mais proveitos do que obteriam nas normais distribuições de dividendos.
Fechar as bolsas não significa que quem tem os títulos não possa continuar a vendê-los, se encontrar comprador.
O que é inadmissível é que o grosso dos recursos dos cidadãos e das empresas seja como que confiscado pelo sistema financeiro para apoiar esse jogo.
E ainda mais inadmissível é que os governos muitas pessoas responsáveis apelem à poupança, quando deveriam apelar ao consumo, para que a economia continue a girar.
É muito preferível que nos endividemos, consumindo mesmo para além das nossas posses, para que a economia não pare, do que poupemos, para ajudar as instituições financeiras a tapar os buracos que os especuladores abriram nas suas contas.
Se os bancos tiverem que falir, porque não hão-de falir?
Criam-se outros, de bases sólidas, que tenham o juizo suficiente para não se envolver nessa jogatina que já confiscou o nosso futuro colectivo, com esta sovietização crescente que ameaça o futuro da Europa.
É, literalmente, um escândalo que os governos apliquem biliões para salvar os especuladores, ao mesmo tempo que se calam perante o efeito reflexo das suas políticas, deixando falir empresas que só não são viáveis, porque a economia está a parar e não tem saída o que se fabrica.
Todos deveriamos mudar de automóvel para que a indústria automóvel não pare. Errado é que os governos financiem as paralizações, destruindo os fundos de protecção do emprego e inviabilizando a compra do dito a preços decentes, porque os preços vão subir pelo menos na mesma medida em que os custos médios vão aumentar, em razão da baixa da produção.
É importante que comecemos a questionar uma série de coisas que são absolutamente injustas.
Quem é que será responsabilizado pela alocação de dinheiros públicos a projectos de recuperação de empresas se esses projectos falharem?
Porque é que se apoiam com dinheiros públicos empresas dificilmente viáveis, com apoias per capita ques seriam suficientes para salvar nalguns casos cinco ou mais vezes os postos de trabalho?
Que critérios podem justificar o apoio a algumas empresas quando outras abrem falência por causa de uns trocos que não conseguem alcançar?
Que selva é esta em que nos estão a envolver?