É uma pena que o Partido Socialista continue a ter uma postura colonialista relativamente às comunidades da diáspora.
É essa uma crítica que repito há anos, porque nada se tem alterado, sempre que aproximam as eleições.
De um lado parece que há um eterno medo de que os emigrantes portugueses (que já não são o que eram, porque os portugueses continuam a emigrar) possam ter representantes no Parlamento.
Do outro afirma-se a mesquinhez e a falta de visão que conduz a que se elevem ao lugar de representantes pessoas que, por natureza, não estão aptas a representar.
Continua, no fim de contas, o mesmo vício que Salazar afirmava com mais sinceridade e clareza: o de tratar todas e cada uma das comunidades da diáspora como «colónias sem terra». É a colónia do Rio, a colónia de São Paulo, a de Boston ou a de Paris.
Antes eram os cônsules, nomeados pelo governo, que as representavam. Hoje são ou funcionários partidários de Lisboa ou políticos para quem não havia lugares das outras listas.
Há depois um engodo...
Incluem-se nas listas pessoas respeitáveis, mas que têm longínquas possibilidades de vir a ser eleitas.
Aconteceu antes como Manuel de Melo, da Suiça, pelo círculo da Europa. E acontece agora com Dora Moutinho, da Alemanha e Carlos Ferreira, da Suiça, pelo circulo da Europa e com José Duarte de Almeida Alves, do Brasil, e José Rocha Dinis, de Macau.
Um plantel de luxo, mas em que os candidatos verdadeiramente importantes (os que estão integrados nas comunidades da diáspora e que conhecem o seu pulsar e as suas aspirações) não têm grandes hipóteses de ser eleitos, porque colocaram outros na sua frente.
É cada vez mais urgente acabar com este sistema eleitoral e substituí-lo por um sistema de voto uninominal, em que cada eleitor possa escolher o seu candidato, sendo eleitos os mais votados.
Acredito que uma das principais razões pelas quais o nível do absentismo nos círculos da emigração é tão elevado reside no facto de os eleiotores terem a perfeita noção de que os candidatos elegíveis não são mais do que caçadores de votos, sem nenhumas condições para os representar.
Mesmo que atrelem à carruagem personagens prestigiadas, que toda a gente sabe que não serão eleitas.