sábado, novembro 14, 2009

A TAP continua...

O meu amigo Manuel Janeiro devia viajar para Fortaleza no passado dia 31 de Outubro.
Marquei-lhe uma reunião de negócios para as 21 horas desse dia no Hotel Grand Marquise.
O seu interlocutor esperou horas e acabou por não querer comparecer a uma outra reunião que tentei marcar.
Estava em causa um negócio da ordem dos 5 milhões de reais, muito vantajoso para o meu amigo.
Só que, antigamente, havia uma companhia aérea em que se podica confiar. E agora não há...
A TAP cancelou o voo do dia 31, porque, ao que parece não tinha clientes suficientes para Fortaleza.
Havia apenas, segundo o meu amigo, 13 pessoas. E por isso resolveram cancelar o voo e distribuir esta gente pelos diversos voos para o Brasil.
Já depois de feito o check-in (continua a má fé da TAP) informaram o Manel de que, afinal, o voo não ia para Fortaleza mas para Salvador.
Chegado a Salvador esperou 3 horas até que o mandassem para um hotel.
Pouco depois das 3 da manhã do dia seguinte, um taxista apareceu a procurá-lo para o levar para o aeroporto, iniciar nova saga.
Um voo para Recife e depois um voo para Fortaleza, onde o avião chegou às 8h40 do dia seguinte.
Isto chama-se irresponsabilidade e falta de respeito. E está a acontecer com demasiada frequência.
Depois de um período em que tudo parecia correr bem, esta administração da TAP parece determinada a estoirar com a companhia.
E eu digo: para bem de Portugal e do Brasil, que estoire o mais rapidamente possível, para ver se passam a ser mais fáceis as ligações entre os nossos dois paises.
Hoje, apesar de Lisboa estar mais perto de do Brasil do que qualquer outra capital europeia, é daqui que os voos são mais caros, mesmo que os passageiros viagem pela TAP.
Por isso é que os voos passaram a andar vazios, como este de Fortaleza, que teria 13 pessoasl.
Por mim, já decidi não volto a viajar na TAP para o Brasil.
Por uma questão de respeito por mim próprio, que não estou para ser tratado daquela maneira com que os brasileiros do exterior tratam os seus compatriotas. Como gado, porque eles não reclamam, são dóceis, aguentam tudo.

Petróleo: será que é tudo mentira???


Caiu-me na caixa do correio esta nova teoria.
Reproduzo-a, sem comentários, mas fico a pensar nela...

Artigo retirado de: «Qual crise energética?»
Foi-nos sempre dito que o petróleo é um combustível fóssil, que surgiu há 500 milhões de anos, tendo por origem a decomposição de plantas e animais mortos. Restos de organismos teriam sido aprisionados no fundo dos oceanos numa camada de lama e cobertos por outras camadas de solo, formando ao longo do tempo o petróleo.
Foi-nos sempre dito que a energia do sol é captada pelos seres vivos e que podemos libertar novamente essa energia armazenada há centenas de milhões de anos através da combustão do petróleo.
É-nos dito que as reservas de combustíveis fósseis, especialmente o petróleo, duram, no máximo, até cerca de 2060.
Outro factor, para além da extinção das reservas petrolíferas, é o momento em que a produção de petróleo atinge o seu cume, começando então a decrescer. Este ponto máximo da extracção petrolífera é chamado de "Peak-Oil" [Pico Petrolífero]. Como é em função deste pico que varia a oferta e a procura, este pode ter um papel crucial nos preços do petróleo.
O ponto máximo da extracção petrolífera ou "Peak-Oil" é o instante em que a taxa de extracção petrolífera atinge o seu máximo absoluto em todas as bacias petrolíferas. Este momento é alcançado quando tenha sido extraído metade de todo o petróleo passível de ser explorado.
O Pico Petrolífero
É afirmado que o ponto de extracção máximo já foi alcançado no passado e que vamos de encontro a uma crise energética. A prova desta esta afirmação, dizem-nos, é o aumento contínuo da cotação do petróleo, de 25 dólares o barril em 2002 para 134 dólares em 6/6/2008 (este artigo foi escrito nesta data).
Por este motivo, dizem-nos que a esperada lacuna energética deve ser suprida através de menor consumo e pela procura de outras alternativas, tal como energias renováveis. Devemos abandonar o petróleo o mais rapidamente possível, pois ele irá acabar em breve.
É-nos afirmado que o petróleo se formou há centenas de milhões de anos, que existe em quantidade fixa, e que quando tivermos extraído a última gota, terá acabado para sempre a era do petróleo.
Mas o que é que aconteceria se toda esta história não tiver nenhum fundamento e tudo não passar de uma lenda? O que seria se o combustível petróleo não fosse de origem fóssil, não proviesse de organismos extintos, mas fosse de outra natureza? E se o petróleo, afinal, existe em abundância e continua a ser formado ininterruptamente pela Terra? E se não existir nenhuma crise energética e nenhum "Peak-Oil"?

O Pico Petrolífero está Aqui

A afirmação de que haveria um ponto máximo na extracção do petróleo foi divulgada em pânico, já em 1919, embora nesse tempo ainda não se chamasse "Peak-Oil" (este é somente um novo rótulo).
Naquele tempo, foi afirmado pelos "especialistas" que o petróleo só chegaria para os próximos 20 anos. O que aconteceu na realidade? Desde então, a data do fim do petróleo foi sempre impelida para o futuro, e hoje, 90 anos depois, temos ainda petróleo, embora a extracção e o consumo tenham vindo a aumentar todos os anos.

O Petróleo Abiótico (não fóssil)

De onde veio, no fim de contas, a história de que o petróleo teria surgido de fósseis de organismos vivos e seria, portanto, biótico? O geólogo russo Mikhailo Lomonossov teve esta ideia pela primeira vez em 1757: "o petróleo surge de pequenos corpos de animais e plantas, enclausurados em sedimentos sob alta pressão e temperatura e transformam-se em petróleo após um período inimaginável".
Não sabemos que observações o levaram a afirmar isso, simplesmente esta teoria nunca foi confirmada e é aceita sem provas há mais de 200 anos e ensinada nas universidades.
A teoria da origem do Petróleo como resultado da decomposição de restos de de plantas e animais.
Porém, nunca foram encontrados fósseis de animais ou plantas nas reservas de petróleo. Esta falta de provas mostra que a teoria do combustível fóssil é unicamente uma crença sem qualquer base científica. Os geólogos que espalham a teoria do combustível fóssil, não apresentaram ainda qualquer prova da transformação de organismos em petróleo.
Um dos elementos mais presentes sobre a Terra no nosso sistema solar é o carbono. Nós, seres humanos, somos formados em grande parte por carbono, assim como todos os outros seres vivos e plantas do planeta. E em pelo menos 10 planetas e luas de nosso sistema solar foram observadas grandes quantidades de hidrocarbonetos, a base para o petróleo.A sonda espacial Cassini descobriu, ao passar próximo de Titan, a lua de Saturno, que ela está repleta de hidrocarbonetos líquidos. Mas não havendo lá vida para produzir os hidrocarbonetos, estes devem ser fruto de alguma outra transformação química. Devido à sua particular configuração atómica, o carbono possui a capacidade de formar moléculas complexas e apresenta, entre todos os elementos químicos, a maior complexidade de ligações químicas.
Daily Telegraph - Lagoas de hidrocarbonetos no planeta Titan

Aqui na Terra, as placas continentais flutuam sobre uma inimaginável quantidade de hidrocarbonetos. Nas profundezas do manto terrestre surgem, sob determinada temperatura, pressão e condições adequadas, grandes quantidades de hidrocarbonetos. A rocha calcária anorgânica é transformada num processo químico. Os hidrocarbonetos que daí resultam, são mais leves que as camadas de solo e rocha sedimentares, e por isso sobem pelas fendas da Terra e acumulam-se sob camadas impermeáveis da crosta terrestre.
O magma quente é o fornecedor de energia para este fenómeno geológico. O resultado dá pelo nome de petróleo abiótico, porque não surgiu a partir da decomposição de formas biológicas de vida, mas antes por um processo químico no interior da Terra. E este processo acontece ininterruptamente. O petróleo é produzido continuamente.
Eis alguns dos argumentos mais relevantes que comprovam que o petróleo é de origem abiótica (não fóssil):
- O petróleo é extraído de grandes profundidades, ultrapassando os 13 km. Isso contradiz totalmente a tese dos fósseis, pois os restos dos seres vivos marinhos nunca chegaram a tais profundidades e a temperatura (elevadíssima) teria destruído todo o material orgânico.
- As reservas de petróleo, que deveriam estar vazias desde os anos 70, voltam a encher-se novamente por si mesmas. O petróleo fóssil não pode explicar este fenómeno. Só pode ser explicado pela produção incessante de petróleo abiótico no interior da Terra.
- A quantidade de petróleo extraída nos últimos 100 anos supera a quantidade de petróleo que poderia ter sido formado através da biomassa. Nunca existiu material vegetal e animal suficiente para ser transformado em tanto petróleo. Somente um processo de fabricação de hidrocarbonetos no interior da Terra pode explicar esta quantidade gigantesca.- Quando observamos as grandes reservas de petróleo no mundo é notório que elas surgem onde as placas tectónicas estão em contacto uma com as outras ou se deslocam. Nestas regiões existem inúmeras fendas, um indício de que o petróleo provém do interior da Terra e migra vagarosamente através das aberturas para a superfície.

Placas Tectónicas

- Em laboratório foram criadas condições semelhantes àquelas que predominam nas profundezas do planeta. Foi possível produzir metano, etano e propano. Estas experiências provam que os hidrocarbonetos podem formar-se no interior da Terra através de simples reacções anorgânicas - e não pela decomposição de organismos mortos, como é geralmente aceite.
- O petróleo não pode ter 500 milhões de anos e permanecer tão "fresco" no solo até hoje. As longas moléculas de carbono ter-se-iam decomposto. O petróleo que utilizamos é recente, caso contrário já se teria volatilizado há muito tempo. Isto contradiz o aparecimento do petróleo fóssil, mas comprova a teoria do petróleo abiótico.
Em 1970, os russos começaram a perfurar poços a grandes profundidades, ultrapassando os 13.000 metros. Desde então, as grandes petrolíferas russas, incluindo a Iukos, perfuraram mais de 310 poços e extraem de lá petróleo. No último ano, a Rússia ultrapassou a extracção do maior produtor mundial, a Arábia Saudita.
Os russos dominam a complexa técnica de perfuração profunda há mais de 30 anos e exploram inesgotáveis reservas de petróleo das profundezas na Terra. Este facto é ignorado pelo Ocidente. Os russos provaram ser totalmente falsa a explicação dos geólogos ocidentais de que o petróleo seria o fruto de material orgânico decomposto.
Nos anos 40 e 50, os especialistas russos descobriram, para sua surpresa, que as reservas petrolíferas se reenchiam por si próprias e por baixo. Chegaram à conclusão que o petróleo é produzido nas profundezas da Terra e emigra para cima, onde se acumula. Puderam comprovar isso através das perfurações profundas.Entretanto, nos anos 90, a Rússia estava de tal modo à frente do Ocidente na tecnologia de perfuração profunda, que Wall Street e os bancos Rockfeller e Rothschild forneceram dinheiro a Michail Chodorkowski com a missão de comprar a empresa Iukos por 309 milhões de dólares, a fim de obter o know-how da perfuração a grande profundidade.

Michail Chodorkowski mandado prender por Putin

Pode-se agora perceber por que é que o presidente Wladimir Putin fez regressar a Iukos e outras petrolíferas novamente para mãos russas. Isso era decisivo economicamente para a Rússia, e Putin expulsou e prendeu alguns oligarcas russos.
Entretanto, os chamados "cientistas", os lobistas, os jornalistas a soldo e os políticos querem que acreditemos que o fim do petróleo está a chegar, porque supostamente a produção já atingiu o seu pico e agora está a decrescer. Naturalmente, a intenção é criar um clima que justifique o alto preço do petróleo e com isso obter lucros gigantescos.
Sabe-se agora que o petróleo pode ser explorado praticamente em toda a parte, desde que se esteja disposto a investir nos altos custos de uma perfuração profunda. Qualquer país se pode tornar independente em matéria de energia. Simplesmente, os donos das petrolíferas querem países dependentes e que paguem caro pelo petróleo importado.
A afirmação de que existe um máximo na extracção de petróleo é, de facto, um golpe e uma mentira da elite global. Trata-se de construir uma escassez e um encarecimento artificial. Tudo se resume a negócios, lucro, poder e controle.
Aliás, é absolutamente claro para todos que o Iraque foi invadido por causa do petróleo. Somente, não foi para extrair o petróleo, mas, pelo contrário, para evitar que o petróleo iraquiano inundasse o mercado e os preços caíssem. Antes da guerra, o Iraque extraía seis milhões de barris por dia, e hoje não chega a dois milhões. A diferença foi retirada do mercado. Saddam Hussein ameaçou extrair quantidades enormes de petróleo e inundar o mercado.
Tal significou a sua sentença de morte, e por esse motivo o Iraque foi atacado e Saddam enforcado.
Agora os EUA têm lá tropas permanentemente. Ninguém tem licença para explorar o petróleo do país com a segunda maior reserva petrolífera do mundo. Por isso, o Irão, com a terceira maior reserva petrolífera do mundo, é agora também ameaçado por querer construir «armas de destruição massiva».

sexta-feira, novembro 13, 2009

A TAP é nociva para o país

É urgente que o Governo se liberte da TAP.
Ela prejudica o país e prejudica-nos a todos nós, que pagamos os seus incompreensiveis prejuizos.A TAP é uma das companhias mais caras do Mundo.
Atualmente, para além da perda de qualidade, lesa-nos todos os dias, na medida em que nos impede de viajar por preços razoáveis.
Alguns exemplos concretos e objetivos:
a) Para viajar de Lisboa para Nova Iorque é mais barato (quase metade) ir a Frankfurt e apanhar o avião da Lufthansa;
b) Para viajar para São Paulo, é mais barato ir a Nova Iorque (pagando um bilhete Lisboa-Nova Iorque e outro Nova Iorque São Paulo) do que voar direto para São Paulo.
Para além disso, é mais barato ir apanhar um voo da TAP a Londres e viajar de Londres, via Lisboa para São Paulo do que viajar direto de Lisboa para São Paulo.
Hoje, um voo de Londres para São Paulo pela KLM com regresso no dia 14 de Novembro custa 722,00 €. Se for pela TAP custa 1.348 €.
Um voo Lisboa-São Paulo pela TAP, para as mesmas datas, custa 1.573 € (pelo terminal A, que foi a mesma fonte em que recolhemos os dados anteriores.
Por mim vou deixar de viajar na TAP, até porque nos começaram a tratar muito mal.Vale a pena planificar com tempo e planificar bem escolhendo outras rotas para chegar ao destino.
Na minha próxima viagem paa São Paulo, viajo por Nova Iorque e ponto 300 € por relação ao voo direito Lisboa-São Paulo.
Lastimável é que a administração brasileira da TAP contribua para uma exploração tõ chocante dos emigrantes brasileiros na Europa, que são os principais utentes da companhia.
Nem os portugueses nem os brasileiros merecem ser tratados assim...
Acho que quando as contas forem devidamente auditadas... vai haver grandes surpresas.
Para já, importante é que o Governo se desfaça da TAP, para que possamos viajar à vontade a partir de Lisboa.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Porque é que os jornais atacam os famosos (I)

Uma das coisas mais fantásticas do nosso tempo é a facilidade com que se consegue destruir alguém famoso ou próximo de um centro de poder.
O fenómeno não é novo, mas tem vindo a ganhar um sofisticação progressiva.
A primeira vítima, após o 25 de Abril de 1974, foi Edmundo Pedro. Um homem com um notável curriculum de luta contra o anterior regime, com mais de quinze anos nas prisões da ditadura, figura de topo do Partido Socialista, foi literalmente liquidado, com a conivência do seu próprio partido, após o lançamento na imprensa de notícias que o davam como personagem central de uma rede de contrabandistas.
Veio mais tarde a apurar-se que era tudo falso e que Edmundo Pedro, então administrador da RTP, limitava a sua ação ao cumprimento do dever cívico, que tinha assumido, de recolher as armas que os militares lhe haviam confiado para distribuir às hostes do Partido Socialista antes do 25 de Novembro.
As mais altas personalidades políticas do país tinha conhecimento desse facto e ninguém ousou falar a verdade.
Uns anos depois assistimos à liquidação de Duarte Lima. Uma fonte judiciária comprometida com o seu próprio partido colocou nas mãos de um jornalista de esquerda documentos que pareciam irrefutáveis para a prova de uma série de operações que implicavam movimentos irregulares de capitais e fuga ao fisco. O jornalista, de boa fé, publicou num jornal um conjunto de noticias que implicaram o fim político desse dirigente social-democrata.
Mais tarde tivemos o caso Casa Pia, que afetou terrivelmente o bom nome de Paulo Pedroso e que liquidou profissionalmente Carlos Cruz, uma das mais populares figuras da televisão portuguesa, no momento em que ele se preparava para coroar de glória e de fortuna o esforço que fez para a conquista por Portugal do Euro 2004.
Nenhum dos primeiros dois escândalos resultou em condenação para os acusados.
Edmundo Pedro, em vez de condenado foi absolvidos com louvores e, depois disso, muitos anos depois, como se se arrependesse da injustiça, o país tem feito a justiça de o reconhecer como um exemplo de político impoluto.
Duarte Lima não sofreu nenhuma condenação mas foi obrigado a fazer uma vida discreta, ofendido na sua honra e na sua imagem.
Paulo Pedroso, inocentado pelos tribunais superiores, tem procurado, sem nenhuma hipótese de sucesso, afirmar-se na luta política. Mas nunca ninguém lhe tirará o handicap que resulta do terrível envolvimento naquele estranho processo.
Carlos Cruz, se for julgado inocente, morrerá sem que a sua imagem seja reparada, porque é impossível reparar uma imagem tão marcada pela suspeita.
Que me lembre, houve apenas dois políticos, envolvidos em escândalos mediáticos, que compreenderam o que é a comunicação social. Um foi António Vitorino e outro foi Jorge Coelho.
António Vitorino foi acusado por um jornal de se ter furtado aos impostos numa operação de troca de uma propriedade, em termos que eram, na época, muito comuns e tolerados pelo fisco.
Desmentiu que tivesse fugido ao fisco e demitiu-se, porque percebeu que só o atacavam por ser ministro, residindo o problema nessa qualidade. Deixando de o ser, deixava de ser interessante para a comunicação social continuar o folhetim.
Jorge Coelho, quando alguns jornais suscitaram suspeitas relativamente ao seu ministério em matéria de negligência na conservação da ponte de Entre-os-Rios, foi mais longe e, antes que o acusassem, saiu do governo, usando o mesmo mecanismo de defesa.
As primeiras conclusões que estas observações importam são muito lineares.
Há uma relação permanente de tensão entre a comunicação social, o poder e a sociedade que conduz a que a relevância social que marca os factos que são notícia dependa, em alto grau, do poder dos protagonistas. O mesmo facto que seria notícia, durante dias e dias, se o ator principal é um agente do poder, deixa de o ser se ele deixar de sê-lo.
Dias Loureiro esteve no centro dos noticiários até se demitir do Conselho de Estado. Agora, apesar de lhe terem sido assacadas responsabilidades de milhões de contos, ninguém fala dele, como se já tivesse sido absolvido das acusações contra ele dirigidas.
No caso mediático mais recente, que envolve o nome de Armando Vara, ele foi cabeça de cartaz em todos os jornais e noticiários de televisão até ao dia em que se demitiu de vice-presidente do Banco Millenium. Depois disso ninguém terá interesse em atacá-lo e provavelmente entrará no esquecimento, porque deixou de estar numa cadeira de poder.
É notável o editorial de Pedro Santos Guerreiro no Jornal de Negócios de 4/11/2009:
«E ao fim de seis dias na fritadeira, Armando Vara pediu a suspensão do seu mandato no BCP. Sai pelo seu próprio pé. Depois de lhe terem posto um par de patins. Vara teve compreensão lenta: só percebeu ontem o que para todos era evidente há uma semana… Vara pode queixar-se do tribunal popular dos últimos dias. Da devassa da sua vida pela violação do segredo de justiça. Foi cilindrado, sem hipóteses de defesa, o que o próprio deixou agravar pela demissão tardia.»
Gostei especialmente da expressão «fritadeira» e da lembrança que ela nos traz do campo de concentração do Tarrafal; e não posso deixar de lhe associar a ideia, com que se fica depois da leitura do escrito, do gozo pessoal do jornalista relativamente à tortura a que aquele personagem foi sujeito.
Estamos, claramente, perante jogos de poder e este não é mais do que o gesto mimético de um vencedor, semelhante ao do outro soldado, que vimos há dias na televisão, a cumprir a missão histórica de disparar as duas rajadas de metralhadora que mataram o ditador Nicaolae Ceausescu e sua mulher Elena[1].
O sistema mediático constitui um poder autónomo, por relação ao poder político e ao poder judiciário, conluiando-se como um e com outro, conforme os interesses de circunstância. Mas, para além dos interesses particulares de cada grupo detentor de meios de comunicação, o sistema tem interesses próprios num mercado concreto e real que tem regras que, sendo embora muito próprias, não deixam de ser regras de mercado.
Uma delas, talvez a mais importante, é a de que a notícia é, antes de tudo, uma mercadoria, que deve ser adequada a satisfazer as necessidades dos consumidores.
Para a produção dessa mercadoria associam-se múltiplos fatores. Mas um dos mais importantes é, sem dúvida, o da qualidade dos atores da vida que são alvo da notícias.
Os atores da vida real que são famosos dão muito melhores noticias do que os cidadãos anónimos que, por regra, não são objeto de notícia, mesmo que mordam o seu próprio cão.

[1] Quem não viu pode consultar o vídeo em http://www.youtube.com/watch?v=XKyO2G8kGM0

quarta-feira, novembro 11, 2009

Portugal está parado e distraido...

A primeira ideia com que se fica quando se chega a Portugal vindo do exterior, depois de uma mês de distância, é a de que o País está parado e completamente distraído.
A comunicação social diverte-se com estranhas histórias de corrupção, que talvez até não o sejam, para serem meras chacinas de pessoas, votadas por interesses ocultos de alguma oligarquia.
Agora, a vítima principal é um obscuro self-made man da política, que veio do nada e chegou na vice-presidente do segundo banco do país. E o que se discute – e para o país à hora dos telejornais – é uma bagatela de 10 mil euros, menos do que o homem ganha numa semana, recebida de um sucateiro que ele terá apresentado a alguns amigos.
Não alcanço, sinceramente, onde pode estar o crime, num país onde tudo gira em torno das amizades e das influências e onde não há normas que o proíbam.
As pessoas, em Portugal, conquistam lugares não pelo seu valor pessoal, mas pela capacidade que têm de influenciar negócios em razão das amizades que cultivaram. Nessa matéria, nenhuma regra mudou com o 25 de Abril, porque, tendo embora mudado os agentes do poder, não mudou o seu relacionamento com as pessoas nem o relacionamento das pessoas com eles.
Talvez uma das áreas mais escandalosas em que isso se verifica é da do mundo jurídico e, especialmente, da advocacia, por razões que são congénitas ao funcionamento do próprio sistema.
Um desgraçado de um contínuo que tire um curso de direito não pode inscrever-se na Ordem dos Advogados. Mas um deputado pode, passando por cima do mais elementar do sagrado princípio da separação dos poderes e sentando-se, ao mesmo tempo, nas cadeiras do executivo e do judiciário.
É por demais evidente que simultaneidade da qualidade de deputado de uma qualquer bancada parlamentar e de deputado e da qualidade de advogado potencia um conúbio mafioso de uma atividade pública com uma atividade privada e uma traficância de influências que nos choca mas que está institucionalizada.
No nosso mundo, há advogados talentosos, com anos de barra que não conseguem nunca passar da cepa torta de uma advocacia que se transformará, como a agricultura, em arte de empobrecer alegremente. Mas, como contrapartida, descobrem-se todos os dias jovens advogados que, por virtude do sangue, do conúbio ou, simplesmente da pertinância a um qualquer partido político, vêem ofuscado o seu analfabetismo pelas luzes da ribalta e da fortuna, acumulando milhões nos pareceres que vendem ou nos negócios que patrocinam.
Apenas porque estavam lá, porque se situaram, porque pertencem a uma família que o erário alimenta e que nós, contribuintes, pagamos.
É o sistema… Um sistema em que se multiplicam as leis porque legislar virou um negócio obscuro, em que se oculta inclusivamente a autoria, mas logo se anuncia à boca calada quem são os autores, para que eles possam sobre as ditas produzir opiniões. Um sistema em que tudo se mercadeja às escondidas, porque o segredo – até o profissional dos que se escondem sob o estatuto de advogado – é a alma do negócio.
Por isso mesmo, há muito que defendo, o retorno a um quadro de advocacia pública para a defesa do interesse público, devolvendo ao Ministério Público ou a entidade afim a defesa dos interesses do Estado, com completa proibição da contratação de advogados privados para o efeito.
Com isso ganharíamos todos e ganharia a livre concorrência em que muitos de nós ainda acredita.
No que respeita ao que chamam de corrupção – tema por onde comecei – só há um caminho: descriminalizá-la e sujeitá-la ao juízo ético, sobretudo, à reação das instituições, catalizada por uma comunicação social ainda mais ativa, que ouça todas as partes, em vez de ser um mero condutor de recados de um marketing judiciário perverso.