sábado, dezembro 26, 2009

É tudo a sacar...

O maior problema das finanças portuguesas não está na divida pública nem no seu crescimento mas no facto de tal crescimento se dever a um desperdício intolerável e e à má gestão dos recursos públicos, que não trará nenhum retorno e só agravará a situação dos contribuintes.
Os apoios ao investimento reprodutivo são são reduzidos e de tal modo sinuosos que poucos recorrem a eles, seja para instalar uma unidade comercial ou industrial, seja para difundir um serviço. O que se vê, nas leis e na prática, são apoios a atividades de efeito reflexo duvidoso, que custam milhões de euros e alimentam uma cadeia de entidades que só existe, literalmente, para sacar.
Ainda num dia destes me caiu na caixa do correio a oferta dos custos de 40% de uma viagem a um país do Oriente, sem que me fosse pedida qualquer garantia de que eu estava efetivamente interessado em investir nessa região.
Os subsidios servem, na maior parte das situações, para encobrir o subemprego e têm um efeito terrivbelmente injusto no plano da concorrência. Há empresas que produzem, não desperdiçam e pagam tudo dos seus cofres, enquanto há outras que vivem à conta do Estado, acumulando dividas ao fisco e à Segurança Social sem que lhes aconteça o que quer que seja.
Dramático é que vamos seu nós, contribuintes, a pagar todas essa asneiras e outras que ninguém denuncia.
Por exemplo: é por demais evidente que na situação atual não interessa ao Estado comprar o que quer que seja pelo menor preço, porque, com isso, se prejudica a ele próprio, uma vez que não arrecada tanto imposto.
Por mais paradoxal que seja, há n contratos onde as coisas são vistas ao contrário. Não há preocupação pela poupança decorrente de uma compra por mais baixo preço, mas preocupação em que o negócio gere lucros, de forma a incrementar a receita.
Coisa mais artifical que esta é dificil de encontrar.
A justificação está no título: é tudo a sacar...

sábado, dezembro 19, 2009

http://www.addthis.com/bookmark.php

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Uma acusação injusta...

Tem momentos em que se é preso por ter cão e preso por não ter cão.
Meia dúzia de amigos picou-me para que eu refletisse sobre se deveria ir ao jantar comemorativo da Câmara de Comércio Portuguesa, de São Paulo, alegando que era um escândalo que o preço do jantar fosse superior ao salário mínimo e que maior escândalo era ainda que só fosse assim porque o Presidente Lula estava presente.
Sou especialmente tolerante no Brasil, que é um país de que eu gosto muito mas que não é o meu país.
Havia esses argumentos e outros e acabei por decidir não ir e por escrever uma prosa neste blogue, que foi lida por meia dúzia de amigos em Brasília.
Agora tenho alguns dos outros a acusar-me de lhes ter estragado o jantar, porque só pagaram aquele valor na expetativa de poderem tirar uma fotografia ao lado do presidente.
Juro que não tenho nada a ver com a não presença de Lula no jantar.
Aliás, ao que apureir, já se sabia mais de uma semana antes que, com grande provabilidade, ele não iria.

sexta-feira, dezembro 11, 2009

Drones e «guerra justa»

O meu amigo José Fontão, um capitão de Abril, mandou-me esta excelente peça sobre os «drones»:
«Vejam no anexo como é a guerra moderna.

Os aviões sem piloto (Drones que são armados com bombas e foguetes ) estão no Afeganistão. Os pilotos estão nos Estados Unidos (Colorado), voando por controle remoto e vendo tudo o que se passa à sua frente.

Somente cento e poucos dos trezentos e poucos pilotos de caça formados pela USAF no ano passado foram voar realmente os aviões de caça. O restante recebeu treino em Drones e sentados, em algum lugar do Colorado, pilotam, real time, os Drones que estão a voar no Afeganistão.

" Controladores de Drones "

Estes controladores em Nevada, estão cada um "voando" remotamente um drone a milhares de milhas da zona de combate. A mão esquerda deles está no acelerador, controlando o motor do drone. Prestem atenção a todos os botões que executam várias tarefas sem precisar de retirar a mão do acelerador.
A mão direita está "voando" o avião. Bem vindos à ordem do novo mundo!
Isto é a parafernália da guerra moderna.

Cabeçalhos das notícias de hoje: Mísseis disparados de Nevada em um drone controlado matam líder do Talibã. Observem como é feito.

É impressionante o avanço tecnológico e a capacidade que ele confere aos EUA de gerir boa parte dos conflitos a partir do seu próprio território. Poderá parecer que esta superioridade é decisiva, mas não, e a prova é que estão agora a enviar mais trinta mil homens para o Afeganistão, fora outros contingentes.
Como homem da Infantaria, o que aprendi há mais de meio século, continua válido, o nosso papel na ocupação do terreno continua a ser imprescindível.

Não deixa, porém de ser inquietante a superioridade cada vez maior do poderio militar americano, apesar de se viver já uma situação multipolar com a ascenção de outras potências regionais.
De um modo geral também confiamos na nova administração americana e Obama fez agora uma dissertação extraordinária e muito verdadeira, quer dos seus objectivos, quer das suas intenções.
De um modo geral confiamos nele, mas poderemos viver tranquilos para o futuro se Obama fracassar, do que já há sintomas inquietantes, ou tivermos réplicas graves da crise que lhe tirem o tapete, ou se o assassinarem, possibilidade nada remota?
O conservadorismo americano de sentido imperialista travado no Iraque, voltará à carga nuima situação dessas, tanto mais que do lado democrata há sectores que tambem gostam de policiar o mundo?
Que não nos faleça a esperança
José Fontão»


Ver filme

Uma questão de higiene...

Caiu-me na caixa do correio um convite para o jantar do 97º Aniversário da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil, em São Paulo, em que figura como cabeça de cartaz o  Presidente da República Federativa do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva.
O jantar é na Hípica Paulista e o preço dos «convites» é de  R$ 500,00 para os associados da Câmara e de R$ 600,00 para os demais.
Somos associados da Câmara e, por isso mesmo, beneficiaríamos de um fabuloso desconto de 16,6%, mas, pensando bem, decidi não participar no evento.
Se uma pessoa for a qualquer cabaret de luxo desta maravilhosa cidade de São Paulo, gasta isso, pela certa,  e não conta com a presença do Presidente da República deste país maravilhoso, que é, para além do mais o presidente que foi eleito, até hoje em todo o Mundo, com a maior margem de votantes de sempre.
Talvez por isso mesmo se justifique a comparação, porque no nosso entendimento seria mais pornográfica a participação neste jantar do que num que, de semelhante,  acontecesse em qualquer das mais famosas boates de programa paulistanas,
Uma câmara de comércio deve, antes de tudo, promover as relações económicas de acordo com critérios prudenciais de gestão. Não é razoável e toca as raias do saloio, a que aqui se chama brega, promover um jantar de homens de negócios (em que deve pretender-se a presença de bons gestores e não de pessoas que delapidem imprudentemente o património das suas empresas) por um preço que igual o salário mínimo no país.
Dá volta ao estômago de qualquer pessoa honesta participar num jantar com o presidente da república de um país pelo qual se pague um salário mínimo,  tanto quanto muitos dos cidadãos que têm a sorte de ter emprego, neste país, ganham num mês. Mas a volta é ainda maior se pensarmos que esse presidente é um homem que veio da esquerda e que tem feito da luta contra as igualdades sociais uma bandeira.
Para além disso, participar neste ágape, que só tem este preço porque tem o Presidente Lula como cabeça de cartaz, é uma forma de aproveitamento desleal da imagem do mesmo, que Lula, um grande amigo de Portugal,  não merece.
É absolutamente pornográfico o aproveitamento da presença do conhecido lider para fazer um negócio semelhante, no formato e nas dimensões, àqueles que algumas velhinhas organizam com a participação de gente do cinema para, alegadamente, arranjar fundos que permitam alimentar cães e gatos perdidos na rua, sem que disso se veja o resultado, porque depois do jantares eles continuam lá.
O registo, aqui e agora, deveria ser outro, especialmente neste tempo, tão propício ao desenvolvimento das relações económicas entre Portugal e o Brasil.
Uma vergonha, de que me demarco por simples razões de higiene política.
Por respeito para com os brasileiros e para com os portugueses.