O presidente de um dos principais bancos portugueses proferiu, há alguns meses, uma interessante conferência nas instalações do Grémio Lusitano.
Revelou ele, de essencial, que, em sua opinião, estávamos no fim de um ciclo muito semelhante ao que justificou a Revolução Francesa, deixando clara a insustentabilidade da evolução de Portugal e dos demais paises europeus.
Poucos dias depois, viajei para os Estados Unidos, onde assisti a uma outra conferência, em que um reputado economista, numa linguagem semelhante à do Dr. Medina Carreira, criticava o facto de um computador ser mais barato em Nova Iorque do que na fábrica chinesa que o fabrica e exporta, o que só poderia significar que os americanos não estavam a contar pagar o que importavam da China.
Olhando para a Europa constatamos que só não estamos na mesma situação porque os alemães, que são poupados e pouco dados a luxos têm uma balança cujos excedentes permitem compensar as importações de produtos chineses que marcam o défice dos demais paises.
O debate que hoje se encerrou sobre o Orçamento do Estado em Portugal, em que, mimeticamente os representantes da bancada do Governo justificaram o essencial das suas política com as misérias dos outros, foi marcado, no essencial pelo encobrimento da real situação do país, nomeadamente da sua situação de insolvência e da caminhada vertiginosa para a bancarrota.
Fez o primeiro ministro questão de nos envolver a todos na responsabilidade por políticas que são denonestas e ruinosas para o país, quando o que é certo é que nenhuma responsabilidade temos por tais políticas, que afrontam os direitos dos cidadãos, comprometem o futuro e arruinam completamente o futuro das gerações vindouras.
Não somos nós - os cidadãos - quem terá que prestar contas à justiça. São os responsáveis pela ruina do país e pela criação de um panorama de mentira que apenas favorece uma meia dúzia de canalhas que vivem à custa do crescimento da dívida do Estado.
As coisas assumiram uma tal gravidade que não se vislumbra a possibilidade de o regime se reconverter sem uma nova revolução - uma espécie de 25B - que reponha a ética no lugar da política e crie condições para levar aos tribunais os responsáveis pela gestão criminosa que vem sendo imprimida ao País.
O facto de o maior partido da oposição ter capitulado perante as pressões e ter alinhado com o governo na continuação do endividamento e do despesismo que favorece uns poucos em desfavor dos outros a quem é arruinado o presente e o futuro é, ele próprio, sinal da inviabilidade deste regime.
A situação é de tal forma grave que só uma mudança de regime - que não tem que ser necessariamente autoritário - permitirá travar a marcha para o abismo.
O parlamento acabou de demonstrar a sua inutilidade.
O presidente da república não pode continuar a custar 15 milhões de euros.
Com a deslocação do poder para Bruxelas, onde durante anos e anos não deveremos ter voto no conselho europeu, parece-me que nos bastará eleger os dirigentes municipais e inventar um novo quadro constitucional que substitua o governo por um conselho emergente dos municípios, acabando com todos os órgãos políticos inúteis (porque já não têm qualquer poder) e que consomem milhões ao tesouro.
Ficamos à espera da revolução.