segunda-feira, janeiro 16, 2012

2012: Prioridade às migrações



                 Escolhemos este ano de 2012 para dar uma atenção ainda mais especial à problemática  das migrações de uma forma, porém, mais alargada.
                Não  faz sentido  falar hoje (tempo em que a informação migra à velocidade da luz) de migrações apenas de pessoas. É importante que a repensemos em termos de migrações de pessoas, de capitais e de direitos.
                Como afirmou há dias um banqueiro, a EDP não se transformará  numa companhia chinesa, apesar de os chineses terem passado a assumir (verdadeiramente) o seu controlo. Mas nem por isso os chineses alterarão uma vírgula na sua estratégia politica.
                A  China é o único caso de sucesso de um governo marxista-leninista, ou seja de um governo de partido único. Quem detém o poder –  e ao que tudo indica o manterá durante muitos anos – é o Partido Comunista da China, ao qual ser vergam, reconhecendo-lhe a superioridade que transformou a China numa da maiores economias do Mundo, todos os dirigentes ocidentais, a começar por Barak Obama.
                Todos os bancos e todas as instituições financeiras do chamados «países capitalistas» se vergam hoje ao Partido Comunista da China, a quem rendem as mais veementes homenagens.
              O discurso dos direitos humanos acabou. Porque não é politicamente correto. As democracias parlamentares estão, por seu lado,  a atravessar o seu período mais difícil, mesmo em países em que as democracias se consideravam estabilizadas.  Não estamos já perante golpes militares do tipo dos que marcaram  a América Latina na última metade do seculo passado mas perante golpes palacianos de idêntico efeito, porém muito  mais baratos do  que aqueles.
                Troika significa em russo um comité politico de três membros, depois de ter significado um carro conduzido por três cavalos alinhados lado a lado. Fica claro que não é invenção dos portugueses a comparação dos políticos com as cavalgaduras.
               A expressão foi, depois, usada pelos dirigentes comunistas russos para simbolizar a estrutura de poder representada pelos  três supremos chefes dos estados comunistas, o chefe do Estado, o chefe do Governo e o líder do Partido.
                 Com a morte de Lenin, em 1923, é formada uma troika entre Zinoviev, Kamenev e Estaline, que enfrenou Trotsky.. Depois da morte de Estaline, foi formada uma outra troika, constituída por Georgi Malenkov, Lavrentiy Beria e Vyacheslav Molotov.
                Em 1964, depois da morte de Nikita Khrushchev, formou-se outra  troika constituída por Leonid Brezhnev, Alexei Kossygin e Anastas Mikoyan.
             Nunca ninguém conseguiu apagar da memória dos russos essa associação entre a troika e as bestas, ou, mais propriamente as cavalgaduras.
            No tempo de Estaline,  palavra troika ganhou outro significado, passando a significa um grupo de três indivíduos fazia rusgas para perseguir os  dissidentes  do  regime e para lhes dar o devido destino que era, como é natural, a morte.
               Acredito piamente que a ressurreição da palavra troika na Europa – que nunca ninguém investigou -  só é possível porque temos uma classe politica ignorante e pouco sensível à simbologia das palavras. Apetecia-me mesmo dizer (perdoem-me os mais conservadores) que temos todos, na Europa, uma classe política de merda.
                Os golpes da «troika»,  uma entidade que conseguiu a suprema virtude de usar o nome de uma das mais odiadas instituições do estalinismo, apagando-o da memória coletiva,  para se apresentar como uma espécie da Santa Casa, que ajuda os países, são o mais acabado exemplo da crise das democracias e do regime parlamentar.
Apesar de serem muitos os deputados, nem um levantou até agora a questão da constitucionalidade desses empréstimos usurários, a que chamam «ajudas».
                A minha convicção é a de que a Europa  e os Estados Unidos estão a saque, ou melhor: estão a ser saqueados. Primeiro por umas agenciazecas – que não têm estrutura, nem meios, nem organização para fazer rating e que tem conflitos de interesses, alguns deles conhecidos, que afetam sua credibilidade, de forma brutal. Depois pelos chamados «mercados» que são a alternativa moderna aos deuses infiéis dos tempos das Cruzadas.
                Num dia destes, na semana passada, ouvi o mais recente mestre da comunicação do Brasil, o apóstolo Valdomiro Santiago,  da Igreja Mundial do Poder de Deus, dizer que precisava de 70 milhões de reais ( 30,8 milhões de euros) no prazo de 10 dias.  Basta que um milhão de fiéis deposita 70 reais para que esse milagre seja conseguido.
                Porque perdi a fé há muito tempo, não acredito que o depósito dos 70 reais vá trazer o reino dos céus. Mas acredito muito mais na seriedade e no pragmatismo desta igreja (e mesmo das outras) dos que nas agências e rating que nos condenam à fome, à peste e talvez à guerra.
                É na base do que resulta desta análise e dos ensinamentos que nos trouxe a vida que decidimos dar uma atenção muito especial às migrações e às as consequências, porque o direito de migrar se afirma, cada vez mais, como o mais importante direito fundamental.
                Não fazemos com isto nenhum frete nem ao primeiro ministro Passos Coelho – que foi deputado municipal na Amadora, num tempo que eu também o era – nem ao ministro de Estado Miguel Relvas, um jovem que nem sequer conheço. Muito antes de eles, com as calças na mão, devido às estatísticas, apelarem aos portugueses para emigrar, já eu defendia que era importante voltar a ler a Peregrinação e as naus para partir de novo.
                Foi esse pensamento estratégico que nos levou – na MRA – a instalar 3 escritórios próprios no Brasil (São Paulo, Rio e Fortaleza) e dois escritórios de support service documental nos Estados Unidos e na Índia, para criar, no essencial, um serviço jurídico de apoio às migrações.
                Não  é, entenda-se de forma clara, à emigração.
                Os portugueses precisam de sair, de emigrar, de construir projetos nos estrangeiro.
                Mas talvez a melhor qualidade que nós, Portugal, temos como país é a de sermos uma plataforma de conhecimento, de emoções, de entendimentos do mundo e dos outros povos, como ninguém consegue ter.
                Depois,  há coisas que acontecem de forma discreta, quase impercetivel. Coisas que mudam e podem mudar o Mundo.
                O Brasil alterou a Constituição de forma a que os brasileiros possam ter outra nacionalidade mesmo  que não seja originária.
                Moçambique passou a admitir a dupla nacionalidade, como Angola e Cabo Verde.
                Há um Munda a explorar, em língua portuguesa.
                Esperem pelas novidades…

15/1/2012

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