sábado, junho 30, 2012

Portugueses, estrangeiros e luso-descendentes II

II


Viriato foi, como é sabido, o mais importante chefe tribal dos lusitanos, a tribo de que deriva a expressão de luso-descendentes.
As primeiras referências a Viriato aparecem em escritos de Diodoro da Sicília (90 a.c – 30 a.c) que o identifica como o lider das tribos lusitanas, que habitavam a Península Ibérica do lado do Atlântico.
Tito Lívio (59 a.c. – 17) descreve-o como sendo um pastor que se transformou em guerreiro e acabou por ser reconhecido pelos romanos como o dux lusitanorum, uma espécie de rei de uma uma tribo a que chamaram de lusitanos.
Em 147 a.c. o cacique lusitano opôs-se à rendição perante Caio Vetílio, que matou, anos mais tarde no desfiladeiro de Ronda, junto ao Guadalquivir.
Somou sucessivas vitórias contra Caio Pláucio,  Cláudio Unimano e Fábio Máximo, irmão de Cipião, o Africano.
Só numa batalha, em 140 a.c., o cônsul romano Fábio Máximo perdeu mais de 3.000 soldados, perante as tropas lusas.
Perante a humilhação a que foi sujeita pela tribo lusitana,  Roma enviou novos contingentes, liderados por Servilio Cipião e Popílio Lenas, que acabaram por ser também derrotados pelos lusitanos.
Cipião contratou três comissários, que gozavam da confiança de Viriato – Audas, Ditalco e Minuros – que se incumbiram de o matar enquanto dormia. E só depois disto é que Decius Junius Brutus conseguiu atravessar o Douro, tomar a Galiza e todo o território que era ocupado pelos lusitanos.
Sertório foi escolhido para substituir Viriato, mas acabou por sucumbir nas mãos dos romanos, acabando com ele a Lusitânia, os lusitanos e os luso-descendentes.
Essa tribo – a Lusitânia – que Estrabão qualificou como “a mais poderosa das nações da Peninsula Ibérica, a que, entre todas, por mais tempo deteve as armas romanas”, acabou em 139 a.c..
E quando Audas, Ditalco e Minuros se apresentaram em Roma para receber o preço do assassínio receberam essa resposta que atravessou a memória dos povos até hoje: Roma não paga a traidores.
Portugal nasceria apenas em 1143, ou seja 1283 anos depois.
E Portugal, que é um dos países mais velhos da Europa tem apenas 869 anos, ou seja menos 414 anos do que o tempo que mediou entre o fim da Lusitânia e a fundação da nacionalidade.
Viriato e a Lusitânia acabaram há  2151 anos.