II
Viriato foi, como é sabido, o mais importante chefe tribal
dos lusitanos, a tribo de que deriva a expressão de luso-descendentes.
As primeiras referências a Viriato aparecem em escritos de
Diodoro da Sicília (90 a.c – 30 a.c) que o identifica como o lider das tribos
lusitanas, que habitavam a Península Ibérica do lado do Atlântico.
Tito Lívio (59 a.c. – 17) descreve-o como sendo um pastor
que se transformou em guerreiro e acabou por ser reconhecido pelos romanos como
o dux lusitanorum, uma espécie de rei
de uma uma tribo a que chamaram de lusitanos.
Em 147 a.c. o cacique lusitano opôs-se à rendição perante
Caio Vetílio, que matou, anos mais tarde no desfiladeiro de Ronda, junto ao
Guadalquivir.
Somou sucessivas vitórias contra Caio Pláucio, Cláudio Unimano e Fábio Máximo, irmão de
Cipião, o Africano.
Só numa batalha, em 140 a.c., o cônsul romano Fábio Máximo
perdeu mais de 3.000 soldados, perante as tropas lusas.
Perante a humilhação a que foi sujeita pela tribo
lusitana, Roma enviou novos
contingentes, liderados por Servilio Cipião e Popílio Lenas, que acabaram por
ser também derrotados pelos lusitanos.
Cipião contratou três comissários, que gozavam da confiança
de Viriato – Audas, Ditalco e Minuros – que se incumbiram de o matar enquanto
dormia. E só depois disto é que Decius Junius Brutus conseguiu atravessar o
Douro, tomar a Galiza e todo o território que era ocupado pelos lusitanos.
Sertório foi escolhido para substituir Viriato, mas acabou
por sucumbir nas mãos dos romanos, acabando com ele a Lusitânia, os lusitanos e
os luso-descendentes.
Essa tribo – a Lusitânia – que Estrabão qualificou como “a
mais poderosa das nações da Peninsula Ibérica, a que, entre todas, por mais
tempo deteve as armas romanas”, acabou em 139 a.c..
E quando Audas, Ditalco e Minuros se apresentaram em Roma
para receber o preço do assassínio receberam essa resposta que atravessou a
memória dos povos até hoje: Roma não paga
a traidores.
Portugal nasceria apenas em 1143, ou seja 1283 anos depois.
E Portugal, que é um dos países mais velhos da Europa tem
apenas 869 anos, ou seja menos 414 anos do que o tempo que mediou entre o fim
da Lusitânia e a fundação da nacionalidade.
Viriato e a Lusitânia acabaram há 2151 anos.