A
doação do BES/Novo Banco aos abutres americanos (I)
Miguel Reis
O dia 31 de março de 2017 ficará na História de Portugal como um
dia triste.
O "Conto do Vigário", de Fernando Pessoa
foi levado ao máximo expoente, como símbolo das grandezas e misérias de um Povo
que os governantes tomam por estúpido mas que, tem neles fabulosas expressões
de talento.
Foi hoje anunciado, por outras palavras, que o Banco de Portugal e
o Governo vão doar a um fundo abutre americano o banco para onde foi transferido
o essencial do assalto ao segundo maior banco português, o Banco Espírito
Santo. Tudo com o aplauso de pseudo-jornalistas que não fazem noticias e de
políticos sem o mínimo escrúpulo.
O Manuel Peres Vigário, do Pessoa, pagou aos irmãos com notas
falsas de 100 mil réis, mas safou-se porque os embebedou e os fez assinar um
recibo em que declaravam que haviam recebido notas de 50 mil reis.
Estes propõem-se doar o segundo maior banco português um fundo
abutre, enganando todo um Povo, como se esse povo já estivesse bêbado.
Em 3 de agosto de 2014, o Banco de Portugal tomou de assalto o
Banco Espírito Santo, que era o segundo maior banco português e, mais
importante do que isso, o único que tinha banqueiros em Portugal.
Os outros, incluindo o próprio Banco de Portugal, tinham
apenas bancários.
Os banqueiros portugueses acabaram, todos, com o 25 de abril de
1974.
E foram liquidados pelo Banco de Portugal, em 3 de agosto de 2014.
Ainda hoje não se sabe bem se não foi uma vingança, provocada
pelos fantasmas dos antigos acionistas do BdP, o qual (pouca gente sabe) foi
nacionalizado por Vasco Gonçalves pelo Decreto-Lei Nº 452/1974, de 13 de
Setembro.
Essa nacionalização foi paga com
o produto de uma emissão de obrigações autorizada pelo Decreto-Lei n.º 729-I/75, de 22 de Dezembro pelo valor de 502 889 028$00 (2.508.399 €).
De 1974 para cá desapareceram o Cupertino (Banco
Português do Atlântico), os Melos (Totta & Açores), os Quina (Borges &
Irmão), os Champalimaud (Pinto & Sottomayor).
Depois do 25 de abril ressuscitaram apenas os Espírito
Santo e os Champalimaud.
O Banco Espírito Santo era, em 3 de agosto de 2014,
segundo a Comissão Europeia, o terceiro maior banco português.
Citamos o comunicado de 4 de agosto de 2014:
“O Banco Espírito Santo S.A. é
o terceiro maior grupo bancário português, com 80,2 mil milhões de euros de
ativos, 36,7 mil milhões de euros em depósitos de clientes e 5,8 mil milhões de
euros em recursos de outras instituições de crédito, segundo dados de 30 de
junho de 2014. Estando presente em quatro continentes e em 25 países e
empregando quase 10 000 pessoas, o grupo do Banco Espírito Santo é
atualmente o segundo maior grupo bancário privado português em termos do total
dos ativos líquidos reportados.
O
Banco Espírito Santo S.A. é um banco universal constituído e domiciliado na
República Portuguesa. O Banco Espírito Santo S.A. serve todos os segmentos de
clientes: retalho, empresas e clientes institucionais, oferecendo uma vasta
gama de produtos e de serviços financeiros através de uma rede diversificada.”
Dizia ainda a Comissão Europeia:
“As
regras comuns da UE em matéria de auxílios estatais a favor dos bancos no
contexto da crise financeira incentivam a saída dos operadores inviáveis,
permitindo ao mesmo tempo que o processo de saída se realize de forma ordenada,
a fim de preservar a estabilidade financeira. Além disso, as regras devem
garantir que o auxílio se limita ao mínimo necessário e que as distorções da
concorrência causadas pelos subsídios, que dão aos bancos beneficiários uma
vantagem em relação aos seus concorrentes, são atenuadas.”