Sou sócio da Casa de Portugal em São Paulo, que apoio há anos, em tudo o que posso apoiar, por respeito pela estirpe de portugueses que a fundou e a manteve até hoje.
A Casa é, antes de tudo, um lugar de emoção de portugalidade, no centro da maior cidade brasileira.
Funcionou ali, durante muitos anos, o Consulado Geral de Portugal em São Paulo, que o governo de Durão Barroso mudou para a Rua do Canadá, num bairro nobre mas de acesso difícil, por razões ainda não explicadas.
O PS - a que eu pertencia nessa época - denunciou a asneira e levantou suspeitas relativamente ao que estava por detrás. Parece que foi uma negociata, em que alguém ganhou muito dinheiro, mas abafou-se tudo.
A Casa de Portugal tinha dois eventos semanais notáveis: um era o baile da saudade, que reunia em cada domingo mais de 100 pessoas, quase todas de idade avançada. Acabou, acabando com ele a ligação da mais velha geração de sócios à sua Casa; outro era o almoço das quintas, que tem cerca de 60 anos, de modo ininterrupto.
Este almoço teve altos e baixos nos últimos anos. Mas é indiscutível que melhorou, de forma substancial, desde que o Mauro tomou conta dele.
Não é barato, para os preços do Brasil, sendo mesmo inacessível a qualquer emigrante português da classe média. Custa 75 R$, o que corresponde a cerca de 30 €, num país em que o salário mínimo é de cerca de 400 R$, ou seja cerca de 160 €.
Na última quinta-feira foi dia de homenagem ao Embaixador Francisco Seixas da Costa, que fez um excelente mandato no Brasil.
Homenagem justíssima, em que fomos todos brindados com um exelente discurso de improviso, em que Seixas da Costa disse coisas importantíssimas e sinceras, como acontece sempre que o ouvimos.
Lastimável é que alguém tenha a aproveitado a figura para fazer um negócio não esclarecido.
Seguramente que a «vedeta» não recebeu um cêntimo, como, com toda a justiça terá ocorrido, recentemente, com Roberto Leal, um artista muito querido no Brasil, mas que deve ser pago, justamente, pelo trabalho que realiza.
Todavia, o preço passou de 75 € para 150 € - o mesmo preço dos almoços ou jantares com Roberto Leal - aqui com a agravante de a qualidade ser, supimanamente, mais baixa do que a do excelente e rico buffet servido todas as quintas feiras.
Os frequentadores do almoço das quintas, esses não estavam lá, seguramente porque se sentiram ofendidos com a marosca. E com isso perdemos todos, a começar pelo Francisco Seixas da Costa, aque merecia ter ali os cidadãos activos que semanalmente comemoram Portugal na Avenida da Liberdade, em vez de um jet-set de plástico, que apenas se diferencia pelo dinheiro.
Muito mau... Se eu soubesse não teria ido, por mais que respeite o Embaixador Seixas da Costa, que nada tem a ver com isto.