quarta-feira, abril 15, 2009

Repensar a relação com a Índia


É preciso pisar o terreno para compreender uma série de coisas importantes do nosso passado recente.
Senti isso de forma especial quando pedi ao meu amigo Anthony que me fotografasse junto do arco dos vice-reis, na Velha Goa.
Curiosamente «Velha Goa» é o nome de um dos jumbos da Air Índia, quando é certo que depois da «libertação», expressão política que significa o mesmo que «ocupação», «conquista» ou «aquisição» os sucessivos governos indianos tudo fizeram para limpar tudo o que houvesse de língua portuguesa nos territórios de Goa, Damão e Diu.
Paradoxos que só se compreendem depois de pisar estes solos.
Importante é perder os complexos, até porque por morrer uma andorinha na acaba a primavera. E 50 anos são muito pouco tempo na História.
À distância as coisas veem-se melhor.
É muito interessante o livro do escritor indiano RAMANI, SHRIKANT Y., autor de «Operation Vijay - The ultimate solution», que contém uma série de dados muito importantes para compreender a operação militar desencadeada pela Índia em 1961, para ocupação dos territórios de Goa, Damão e Diu.
Depois do falhanço das negociações com Salazar, Pandit Nehru não tinha outras alternativas.
Diz um velho ditado que por detrás de um grande homem está sempre uma grande mulher. E essa mulher pode ter sido Edwina Mountbatten, a esposa do último vice-rei inglês, que era simultaneamente amante do lider indiano.
Não fazia nenhum sentido que os ingleses partissem e os portugueses ficassem. E tudo leva a crer que só uma vulcona pode ter desaustinado a paciência do lider, que resistiu, durante anos a todas as diatribes de Salazar.
Conta-se que o próprio John Kennedy se envolveu no assunto, procurando mediar uma solução entre Portugal e a Índia.
Para isso o embaixador dos Estados Unidos terá pedido uma audiência ao nosso ditador - que não respondia ou atrasava as resposta ao embaixador da Índia - para saber da abertura do dito a uma negociação.
Salazar terá respondido mais ou menos isto:
- Senhor embaixador, infelizmente não me é possível responder-lhe. Portugal é governado por um triunvirato, constituido por D. Afonso Henriques, o Infante D. Henrique e eu próprio. Infelizmente não tenho conseguido falar com os outros e, por isso mesmo, não lhe posso dar uma resposta.
O fim do Império da Índia, construido mais na base da negociação,l da intriga e do aproveitamento político das dissidências regionais do que na base da guerra, começou a cair quando a coroa portuguesa deu Bombaim de dote a D. Catarina de Bragança, para que ela desfrutasse de Carlos II, da Inglaterra, o que parece que até não aconteceu na plenitude.
Os ingleses deixaram-nos os pequenos territórios de Goa, Damão e Diu - onde pode ver-se a diferença de colonizações - e ainda tentaram ficar com Goa. Os goeses vingaram-se, construindo um cemitério, que ainda lá está, bem conservado, perto de D. Paula.
Toda a gente sabe que as vinganças se servem frias e isso poderá ter acontecido por via da amante de Nehru.

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