Há, em Lisboa, uma onda contra o turismo em geral e o alojamento
local em particular.
São jornalistas, são sociólogos, é gente daquelas profissões
sanguessugas da sociedade, que nada produzem e têm custos brutais, que a comunidade
paga, por via de subsídios.
Soltam lágrimas com saudades daquela Lisboa de velhas desdentadas
e com mau hálito, gente que vivia miseravelmente, de esmolas, nos centros históricos,
alvo de fotógrafos candidatos a prémios de fotografia.
Essas velhas e esses velhos já morreram na sua maioria. E os
senhorios, que foram – e ainda são – o asilo do Estado – acordaram e,
traumatizados, não querem voltar a arrendar casas a ninguém.
Foi assim que nasceu o alojamento local.
Eu sei disso porque, quando me divorciei a primeira vez,
comprei metade de um pátio lisboeta, junto ao Rato, com quatro inquilinos.
Pagavam, todos, o correspondente a menos de 50 euros
mensais.
Fiz obras, porque eles nem sequer tinham uma casa de banho
decente. E ainda tenho dois desses inquilinos que pagam, ambos, 20 euros de
renda mensal.
Se esses apartamentos estivessem no alojamento local
renderiam, no mínimo 30.000 euros por ano.
Já há uma limitação:
ninguém pode ter mais de 9 apartamentos de alojamento local.
Mas é lícito que, neste quadro, todos os cidadãos possam
sonhar ter 9 apartamentos para alojamento local.
E Lisboa ficam mais linda povoada de turistas do que gente a
viver de forma miserável.