Só hoje me foi possivel ver o debate entre os candidados às eleições legislativas pelo círculo «fora da Europa». (Veja o filme, clicando no título).
Carolina Almeida, a candidata independente, que é cabeça de lista pelo Partido Socialista, a quem declarei o meu apoio, esteve muito bem, improvisando quanto pode, porque mais não lhe era permitido.
É óbvio que uma candidatura nas listas de um partido implica sempre compromissos. E a posição de Carolina é especialmente dificil porque, na realidade, o PS não tem um programa para as comunidades da Diáspora.
O programa contém meia dúzia de banalidades, que reduzem, de forma extraordinária o que era o próprio programa do Governo.
É por demais claro que um candidato independente integrado em listas partidárias não pode ir além dessas banalidades. Leal, como sabemos que é, a Carolina não podia ir mais longe do que foi.
Do outro lado estava um peso-pesado do PSD, José Cesário, que, como já escrevi, eu não apoio apenas porque ele é de Viseu e não da Diáspora.
Manda a honestidade que se reconheça que foi ele quem ganhou o debate, por ter mais experiência, estar melhor preparado e ter um prestígio fundado, entra as comunidades da Diáspora.
A Carolina não podia ir mais longe. Mas talvez tivesse podido evitar duas gaffes.
Em primeiro lugar a invocação da questão dos votos de Timor e do nome do ex-cônsul Barreira de Sousa, que foi o pior cônsul que passou por São Paulo e que, segundo ela, fez uma diligência que não pode deixar de qualificar-se como patética. Não se pode pretender que os votos de Timor sejam enviados por mala diplomática e os outros não, sobretudo quando o processo eleitoral na Diáspora está, há vários anos, sob suspeita.
Ainda está por explicar um subsídio de 25.000 €, numa das última eleições, que pessoas respeitáveis associam a um almoço, no qual se pediu aos eleitores que não soubessem votar a entrega das suas cartas.
Outra gaffe tem a ver com o elogio do SIRIC, o sistema informático do registo civil, que, segundo a candidata, permite fazer registos em menos de uma hora.
Alguém vai ficar chamuscado, a breve prazo, pelo dito.
Acabaram as falsificações de passaportes e não há falsificações de cartões de cidadão porque eles são centralizados em Lisboa.
O SIRIC não tem nenhuma segurança. Basta ter alguém amigo que introduza uma fotocópia «martelada» no sistema para que nasça um novo português e seja quase impossível detetar a fraude, porque o acesso ao dito é completamente impossível e, alegadamente, os documentos originais têm que ser imediatamente destruidos.
Continuo a pensar que Carolina Almeida é uma pessoa séria e tem o mérito de ser a primeira candidata que o PS apresenta nas eleições do circulo «fora da Europa» que é oriunda das comunidades da Diáspora. Essas são as exclusivas razões do apoio que lhe ofereci.
Sou residente em São Paulo mas ainda votarei em Lisboa. Se votasse em São Paulo, votaria nela, porque acredito que, uma vez eleita, agirá com a intelegência e a sensatez que lhe conhecemos.
Até lá vejo-a como prisioneira de uma estrutura, a que tem que ser leal, mas que lhe retira o brilho que lhe conhecemos e a ousadia com que defende as suas ideias.
E por aqui me fico, por uma questão de delicadeza...