19 de outubro de 2019
No momento
em que escrevo este texto há uma estação de rádio a dizer que “Barcelona está a
arder”.
O
ex-primeiro-ministro francês Manuel Valls proclama que a votação dos catalães não
vale nada, porque eles não têm direito à autodeterminação.
Claro que
o Manuel Valls tem o direito de defender esta ideia. Mas não tem o direito de pretender
que os catalães não manifestem a favor da independência da Catalunha.
A primeira
vez que ouvi falar de terrorismo foi, salvo erro, em 1961, a propósito de
diversos atos terroristas ocorridos em Angola, no quadro dos movimentos, visando
a independência, ocorridos nesse ano.[1]
Tinha 10 anos
e fiquei com uma péssima imagem dos terroristas, que hoje são heróis.
Já sabia
ler; e lia a Boa Nova e o Jornal de Notícias, onde se diziam cobras e lagartos dos
terroristas,
Nesse
tempo só havia liberdade de manifestação para um lado. O regime organizou várias
manifestações contra os terroristas.
Agora é
liberdade de manifestação de ambos os lados. Os que defendem a independência da
Catalunha protestam e incendeiam caixotes do lixo, provocando a polícia que
aproveita o princípio da concordância prática para investir contra os manifestantes
mais violentes.
A TV anuncia
que amanhã se manifestarão os que são contra a independência catalã, prometendo
a polícia que não levarão porrada e que serão retiradas as barricadas.
Será uma
manifestação de apoio à polícia.
Houve
violência, sendo a violência um dos aspetos mais característicos destas manifestações,
similares às dos coletes amarelos franceses.
Não é
claro quando é que este tipo de violência poderá ser qualificado como
terrorismo.
O terrorismo
tem muito de mito, et pour cause de mitomania.