domingo, outubro 20, 2019

A liberdade de expressão, o direito de manifestação, a violência e o terrorismo



19 de outubro de 2019
 
No momento em que escrevo este texto há uma estação de rádio a dizer que “Barcelona está a arder”.
O ex-primeiro-ministro francês Manuel Valls proclama que a votação dos catalães não vale nada, porque eles não têm direito à autodeterminação.
Claro que o Manuel Valls tem o direito de defender esta ideia. Mas não tem o direito de pretender que os catalães não manifestem a favor da independência da Catalunha.
A primeira vez que ouvi falar de terrorismo foi, salvo erro, em 1961, a propósito de diversos atos terroristas ocorridos em Angola, no quadro dos movimentos, visando a independência, ocorridos nesse ano.[1]
Tinha 10 anos e fiquei com uma péssima imagem dos terroristas, que hoje são heróis.
Já sabia ler; e lia a Boa Nova e o Jornal de Notícias,  onde se diziam cobras e lagartos dos terroristas,
Nesse tempo só havia liberdade de manifestação para um lado. O regime organizou várias manifestações contra os terroristas.
Agora é liberdade de manifestação de ambos os lados. Os que defendem a independência da Catalunha protestam e incendeiam caixotes do lixo, provocando a polícia que aproveita o princípio da concordância prática para investir contra os manifestantes mais violentes.
A TV anuncia que amanhã se manifestarão os que são contra a independência catalã, prometendo a polícia que não levarão porrada e que serão retiradas as barricadas.
Será uma manifestação de apoio à polícia.
Houve violência, sendo a violência um dos aspetos mais característicos destas manifestações, similares às dos coletes amarelos franceses.
Não é claro quando é que este tipo de violência poderá ser qualificado como terrorismo.
O terrorismo tem muito de mito, et pour cause de mitomania.