quinta-feira, agosto 03, 2006

O jantar com Sócrates em S. Paulo

Escreve a jornalista Eulália Moreno no PortugalClub:
«Os convites para o jantar promovido pela Câmara do Comércio que será oferecido ao Primeiro Ministro e sua comitiva nas instalações do Consulado Geral de Portugal em São Paulo custam para sócios, 200 reais, para não sócios 250 reais, para portugueses , em geral, não estão disponíveis, para luso-descendentes, idem.
Ah, a imprensa também não é convidada, claro que nem sequer benvinda.

Quando é preciso urdir no breu das tocas, jornalistas são pessoas " não gratas". Quando é para papaguear e contar mentiras sobre a eficiência do Consulado e dos seus funcionários "admitidos" pela porta do cavalo- levando-se em consideração tipo físico, cor dos olhos, dos cabelos, perfume importado, capacidade para dirigir o automóvel particular do consulado, etc...etc... enfim, critérios bem, digamos, pessoais e personalizados- , jornalistas são convidados para cafés da manhã no hotel Pestana, para visitas de Natal à casa do sr. Sousa, para visitar as obras da Provedoria ( por favor, nada de perguntas sobre os milhares de euros confiados ao sr. Sousa e miseravelmente repassados(?) à directoria ), etc...

O dr. Almeida e Silva, presidente do Conselho das Comunidades Portuguesas foi ultrapassado pela Câmara do Comércio que entrou na conversa do sr. Sousa e deu o aval para o tal jantar. Murmura-se à boca pequena, que as entidades bancárias sediadas em São Paulo e mais a EDP, PT Telecom, foram " convidadas" a colaborar com 10 mil reais ( ou serão dólares?) para o tal jantar. Qual será a ementa do tal jantar?? Caro, hein??? E as empresas darão esse dinheiro a troco do quê? A PT Telecom patrocinou alguns boletins do Consulado, no tempo do Fezas Vital, a troco da entrega do Banco de Dados consular que esteve na origem da denúncia feita pelo Miguel Reis e pelo capitão José Verdasca e que custou o cargo ao Fezas, o Guterres passou uns dias na fazenda Cayman em Mato Grosso do Sul do grupo de celulose Klabin e pouco tempo depois essa empresa ganhou licitações importantíssimas em Portugal, aquele amigalhaço do Fujão Barroso, o cheio da grana no Rio de Janeiro, também arranjou umas negociatas em Portugal. Enfim, sempre essa promiscuidade, esse nojo.

As obras no Consulado, cujo imóvel é alugado, foram patrocinadas pelos empresários portugueses em São Paulo, segundo alguns, nenhum dinheiro teria vindo de Portugal. Isso é conversa prá boi dormir.Se as empresas são de capital português, se estão ligadas ao Estado, ao desviar, "lavar", ou seja qual for a denominação que queiram dar a essas trafulhices, dando dinheiro para obras dessa natureza, configuram crime. Crime além de uma falta de vergonha de fazer corar o mais reles dos políticos portugueses ou brasileiros. E o Primeiro Ministro aceitando isso, é conivente com essa promiscuidade, com essa palhaçada.

Não dá mesmo para entender. De repente, não é mesmo para entender. E os idiotas que são associados às Câmaras do Comércio, como a de São Paulo, que prima pela inutilidade? O que ganham com isso? Vejo a pujança da Câmara do Comércio em Fortaleza, testemunhei a garra com que o falecido dr. Rebelo orientava a Câmara do Comércio de Belo Horizonte. E a de São Paulo? O que essa Câmara já organizou ou patrocinou em benefício dos seus associados? O que eu vi foram as sessões de medalhas prá cá, medalhas prá cá, muita conversa. Muita parra prá pouca uva. Muita pompa e circunstância. Resultados práticos, nenhuns. E com a palavra alguma empresa, dessas médias ou pequenas que sejam associadas. Alguma grande parceria em vista com a intermediação da Câmara? Vamos deixar de tretas, arregaçar as mangas e trabalhar!!! A Corte portuguesa tem a sua filial na Câmara do Comércio daqui de São Paulo. Só mordomia, jantaradas na Hípica, eventos na Sala São Paulo. Coisa prá gente finíssima. Por fora bela viola, por dentro pão bolorento. Mas , cuidado, já começa a cheirar. (...)»
1. Não tenho nada a ver com a denúncia da venda dos ficheiros do Consulado a uma empresa privada. Esse mérito pertence, integralmente, ao Capitão José Verdasca.
2. A reacção da Eulália é uma reacção natural, emocional, voluntarista.
Isto nunca se viu... mas não é razão para não comparecermos todos os que puderem comprar o convite àquele jantar.
3. A minha primeira atitude foi uma vontade danada de não ir. Patética atitude... Não vale a pena... Se tudo correr bem eu vou estar lá, muito bem disposto... É, aliás, uma oportunidade única para entrar naquela casa.