terça-feira, outubro 25, 2005

Os emigrantes não são os tais parolos que os senhores julgam...

Leio e não quero acreditar que isto é possivel imediatamente após o acesso ao site www.escolavirtual.pt .
Vamos fazes um exercício conjunto...
Leiam primeiro o telegrama da Lusa:


Lisboa, 24 Out (Lusa) - A partir de hoje, os portugueses residentes no estrangeiro já podem ter aulas virtuais de Língua Portuguesa com acompanhamento de professores e certificação, numa iniciativa da secretaria de Estado das Comunidades.
"Atrair as novas gerações para este instrumento de aprendizagem e fazer com que melhor se aproximem de Portugal" são alguns dos principais objectivos da escola virtual, segundo o secretário de Estado das Comunidades, António Braga.
Além de aprenderem português, ao acederem à página www.escolavirtual.pt os alunos têm também informações diversas sobre Portugal, sobre os países de acolhimento e sobre a história de Portugal.
A plataforma electrónica disponibiliza ainda "on-line" obras como "Os Maias" e o "Auto da Barca do Inferno", que têm opção de serem lidas ou vistas em filme.
De acordo com o titular da pasta da Emigração, com esta iniciativa é dada a "possibilidade de as comunidades portuguesas melhor falarem a língua portuguesa e melhor dominarem a informação sobre Portugal".
"Muitos portugueses não regressam há muitos anos a Portugal e a informação que têm não corresponde àquilo que é o país. Esta plataforma, tendo informação actualizada sobre cada região do país, sobre a gastronomia e o património, entre outras, vai permitir também que esses portugueses possam tomar um contacto com o país real que hoje Portugal é", disse.
Para já estão disponibilizados conteúdos pedagógicos para os 4º, 9º, 10º e 12º anos de escolaridades, pretendendo a secretaria de Estado ter todos os anos de escolaridade operacionais durante o próximo ano.
"Ao longo 2006 disponibilizaremos todos os outros anos de escolaridade. A nossa ambição é termos disponível no início do próximo ano lectivo todos os anos de escolaridade", garantiu.
Os alunos têm aulas entre os 45 e os 60 minutos, podem fazer testes de auto-avaliação, colocar dúvidas a professores e certificarem a sua aprendizagem.
"Numa primeira fase, as respostas às dúvidas não serão em tempo real devido à afinação do sistema, mas num curto prazo essas respostas terão um tratamento em tempo real", garantiu António Braga.
No sistema de auto-aprendizagem, os estudantes só poderão avançar de nível depois de responderem correctamente a várias questões.
A certificação da aprendizagem em língua portuguesa foi ainda realçada pelo secretário de Estado das Comunidades, que a considera uma "mais-valia para o Estado e para os luso-descendentes".
"O português é falado por mais de 200 milhões de pessoas no mundo inteiro e é uma mais valia para o mercado de trabalho. No mundo inteiro um mercado de 200 milhões de pessoas não é displicente", disse.
Especialmente dirigida aos luso-descendentes e portugueses residentes no estrangeiro, o titular da pasta da Emigração admite a possibilidade de a plataforma electrónica ser alargada a estrangeiros interessados em aprender a língua portuguesa.
"Os conteúdos estão organizados e dirigidos para a comunidade luso-descendente, mas estamos a estudar possibilidade de oferecer essa outra componente que é o português para estrangeiros", afirmou.
António Braga sublinhou ainda que este projecto "não substitui a escola nem a aprendizagem em contexto escolar. É apenas um instrumento novo que é possível utilizar por via das novas tecnologias".
Os interessados podem aceder às aulas através de um cartão de acesso que podem adquirir, a partir de hoje, nos balcões de todos os consulados e embaixadas portugueses no mundo.
Os cartões terão um preço simbólico anual de 15 euros para o continente africano e América do Sul e 20 euros para o resto do Mundo.
"Os montantes foram diferenciados entre zonas mais desenvolvidas e menos desenvolvidas", explicou António Braga.
O titular da pasta da Emigração sublinhou ainda que as cerca de 200 escolas de português no estrangeiro "têm acesso gratuito à plataforma electrónica".
A Secretaria de Estado das Comunidades disponibiliza para já 11 mil cartões para evitar uma sobrecarga de acessos.
"Se a procura ultrapassar num curto prazo as possibilidades da plataforma, evoluiremos de forma a respondermos ao acesso", assegurou António Braga.
A escola virtual é uma iniciativa conjunta da secretaria de Estado das Comunidades, Ministério da Educação, Caixa Geral de Depósitos, Porto Editora, Universidade Aberta e Lusíada, RDP e RTP.
Os recursos de aprendizagem "on-line" serão disponibilizados pela Porto Editora, enquanto as universidades vão avaliar a qualidade dos conteúdos e certificar o nível de aprendizagem dos alunos, através de um exame presencial naqueles estabelecimentos de ensino ou nas representações diplomáticas portuguesas.
A RTP e a RDP colaboram através da divulgação das "aulas virtuais" e a Caixa Geral de Depósitos vai assegurar a cobertura financeira do projecto, orçado em cerca de 100 mil euros.
Aquela instituição bancária vai ainda oferecer 5.500 cartões de acesso a clientes no estrangeiro.
Entramos no endereço da Escola Virtual e lemos o seguinte:
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Lei e jurisdição Este site foi criado e está em funcionamento de acordo com as leis portuguesas. Qualquer litígio relativo ao serviço Escola Virtual será regulado pela legislação em vigor, sendo competentes unicamente os tribunais portugueses.»
Temos despois um capitulo denominado «Portugês para residentes no Estrangeiro» em que se lê o seguinte:

«A Escola Virtual – Comunidades Portuguesas é uma plataforma de ensino à distância que pretende promover a língua e cultura portuguesas no mundo.
O processo de ensino/aprendizagem da língua portuguesa no estrangeiro é muito complexo e vasto, já que, não podendo ser encarado como um processo comum de aprendizagem de uma língua estrangeira, também não consiste num processo “normal” de ensino/aprendizagem de uma língua materna. De facto, é num contexto plural e multifacetado, no qual se definem inúmeros patamares de proximidade com a língua e a cultura de origem, que se movem os discentes/docentes da língua portuguesa no estrangeiro.
Através de um cartão com um Vale de Compra, fornecido pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, os portugueses residentes no estrangeiro terão oportunidade de aprender português com a Escola Virtual.

As aulas...

Os conteúdos essencialmente linguísticos encontram-se organizados de acordo com os programas curriculares portugueses, de molde a conferir alguma homogeneidade ao vasto panorama de contextos de aprendizagem. Todavia, através de testes diagnóstico e outro tipo de ferramentas de avaliação prévia, é possível orientar o estudo do utilizador, de uma forma mais flexível, sendo criados percursos personalizados, de acordo com as competências e os objectivos de cada utilizador ou tendo como base de trabalho um documento orientador como o QUAREP.Toda a matéria de cada disciplina de português disponível na Escola Virtual está estruturada em aulas interactivas, nas quais animações, interactividades, imagens e locuções explicam os conteúdos e conceitos fundamentais, facilitando a sua assimilação. Em cada aula, diversos tipos de exercícios, todos com soluções e avaliação imediata, permitem ao utilizador consolidar os conhecimentos adquiridos. »
Estamos perante uma situação de escandaloso favorecimento de uma empresa comercial, tomando por base um produto que esta comercializa, sem que desse sequer oportunidade a qualquer outro para oferecer produto idêntico.~
Uma coisa seria a Secretaria de Estado produzir ou mandar produzir alguma coisa destinada às comunidades portuguesas da diáspora.
Outra, completamente diferente e com sabor a coisa menos séria, é aproveitar um produto existentes e que está comercializado e promover a sua venda como elixir oficial da lingua portuguesa.
É de uma esperteza saloia que os emigrantes não engolem.
Por esse caminho António Braga não vai a lado nenhum.
Isto é muito triste porque tem um sabor de trafulhice...