domingo, maio 06, 2007

Que obsessão para queimar Braga?

Lidos os jornais e vistos os comentários dos últimos dias pergunto o que é que pode justificar o que parece ser uma obsessão para queimar António Braga.
Esta perseguição e este levantamento de suspeitas parece-me de uma extrema injustiça, por várias razões.
António Braga não tem, tanto quanto sei, nenhuma responsabilidade no que se refere ao passado, como muitos aspectos escuros, do funcionamento da Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas e do departamento de emigração do Partido Socialista.
Temos vindo a acompanhar o seu percurso como secretário de Estado e constatamos que tem adoptado propostas e medidas que primam pela qualidade e pelo rigor.
Sabemos - todos os que conhecem minimamente as comunidades portuguesas no exterior - que há interesses locais muito fortes e que as politicas para estas comunidades continua marcadas por uma lógica colonialista, à boa maneira do Século XIX.
Sabemos também que a «escuridão» passa e perpassa pelas próprias estruturas do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que são um Estado dentro do Estado e que há coisas tão paradoxais mas tão fortes que ninguém consegue mudá-las.
O exemplo mais claro dessa realidade está na contradição de, por um lado, fechar consulados para reduzir a despesa e, do outro, delapidar toda a recenta emolumentar num Fundo (O Fundo de Relações Internacionais) que tem uma gestão mais do que suspeita e arbitrária.
Claro que o Braguinha, como lhe chama a minha amiga Eulália, não tem poderes para acabar com estes vícios, que julgo que vêm do tempo de Jaime Gama.
Claro que a política tem riscos e quem anda mal acompanhado sofre as consequências...
O António Braga deveria pensar duas vezes antes de vir para o estranho «Congresso da UNIR». Pelo menos deveria ter-se perguntado por que razão a UNIR faz sistemáticos congressos na Baia, onde a presença de portugueses é diminuta.
António Braga sabia - porque não podia deixar de saber - da pouca vergonha que tem ocorrido no Rio de Janeiro, que foi ao ponto de uma assessor de José Lello ter aconselhado os militantes do PS a não comparecer no Congresso federativo, com a promessa de fazer «uma Federação no Rio».
Sabia-se, politicamente, que alguém tinhas comprado a lista do PS do círculo de fora da Europa e que havia dinheiro a rodos. A única coisa que não se sabia era quem tinha pago...
O próprio primeiro-ministro tem conhecimento da pouca vergonha anti-democrática que, nessa matéria, ocorreu no Brasil.
Isto estava tudo abafado e agora veio a lume.
Já começaram a definir-se as vitimas: uma parece ser António Braga, que nada tem a ver com essa pouca vergonha. O outro parece ser o Aníbal Araujo, popularizado no Brasil como Zé das Medalhas, que não é mais do que um intermediário.
Já vimos o mesmo filme noutro momento, com a liquidação de Victor Caio Roque que, respeitando a umertá, nunca denunciou quem seriam os responsáveis das operações fraudulentas de que foi acusado.
Será que aqui alguém vai acreditar que o Aníbal Araújo é que beneficiou do brutal investimento financeiro feito pelos empresários dos bingos?
Há muitas fumaça no ar, lembrando o uso de técnicas de contra-fogo. Operações de diversão para adiar a descoberta da verdade de muitas coisas que se passam no Brasil.
Quando aparecerem as listas das «conections» com políticos portugueses vai ser o lindo e o bonito.
PS - Estou em São Paulo e até estava para ir a Salvador, antes de saber que ali estava a ocorrer o Congresso da UNIR. Resolvi não ir quando soube disso... Lembro-me sempre daquela história do cão bom que foi à rua e, confundido com os vadios, foi apanhado pela carroças camarária.