Chegou-me hoje esta critica a um dos meus escritos recentes:
«Geralmente estou de acordo com os artigos do senhor Miguel Reis.
Porém, desta vez não posso deixar de discordar. Melhor, estou totalmente em desacordo. É que, em meu entender, das duas uma ou somos cidadãos portugueses ou somos de qualquer outra nacionalidade.
Porém, desta vez não posso deixar de discordar. Melhor, estou totalmente em desacordo. É que, em meu entender, das duas uma ou somos cidadãos portugueses ou somos de qualquer outra nacionalidade.
Eu próprio estou a viver há mais de 40 anos noutro País, onde me sinto totalmente integrado. Naturalmente que, a título de exemplo, não escondo que ontem gostaria de ter votado nas eleições deste País, até porque também participei activamente na campanha eleitoral.
Não pude votar porque optei que manteria apenas a minha nacionalidade portuguesa, e isto por uma questão de consciencia. É que, ao requerer uma outra nacionalidade eu penso que perderia parte da minha propria identidade.
E, das duas uma, ou mantinha a minha nacionalidade portuguesa ou adquiria a alemã e, não obstante poder manter as duas penso que ficaria como que uma coisa indefenida. Em que ficávamos, era Portugues ou era Alemão.
Ora e repito, não obstante viver neste País há mais de quarenta anos, não obstante me sentir aqui bem e totalmente integrado quer na vida civil quer na política, (sou membro do conselho de estrangeiros há mais de duas décadas e sou autarca a caminho do terceiro mandato, para alem de outras actividades cívicas), não consigo imaginar-me português e ao mesmo tempo alemão. Como disse, acho que não seria nem uma coisa nem outra, perderia a minha identidade.
Não posso por isso concordar que pelo facto de ter adquirido duas nacionalidades um cidadão possa participar activamente nos dois países.
Parece-me correcto o que acontece por exemplo com os cidadãos da União Europeia, emigrados num País da mesma comunidade que, em eleições autarcas tenham o direito de escolher no País em que vivem e nas eleições para o Parlamento Europeu tenham que decidir se querem votar nos Países de origem ou nos de residencia.
Do ponto de vista do senhor Miguel Reis, estes cidadãos deveriamos também poder votar nos dois países, o que era uma situação de desigualdade em relação aos que vivem e residem no mesmo País. Ora eu não me sinto cidadão de segunda pelo facto de ter um tratamento igual a todos os outros, cidadãos.
Quanto ao voto para o Presidente da República, igualmente não me teria sentido descriminado, caso tivesse optado pela nacionalidade alemã e me fosse retirado o direito de votar para o Presidente da República de Portugal.
E é por isso, e porque me parece que perderia parte da minha identidade, caso optasse por uma segunda nacionalidade, que decide manter como unica a nacionalidade portugesa. E digo isto sem qualquer sentido de nacionalismo, que de facto não sinto. Como em todas as coisas ou se é carne ou se é peixe.
As duas coisas ao mesmo tempo é que me parece impossível. Por isso optar-se por ambas as nacionalidades só porque isso traz benefícios é que não me parece correcto para não dizer honesto.
Concordo que para o Presidente da República apenas aqueles que são apenas portugueses possam votar e continuo a discordar com a história das duplas nacionalidades em que se não é nem uma coisa nem outra.
Os meus melhores cumprimentos
J. Eduardo»