É de antologia. Reproduzo e fico à espera da resposta:
«MNE. Quis o ministro dos Negócios Estrangeiros dar-me a honra de responder à minha última crónica com uma carta aos leitores do DN. Infelizmente estava desfocada.
Diz o prof. Freitas do Amaral que assistiu em Luanda a toda uma tarde da reunião ministerial da CPLP. É certamente verdade que fez a sua intervenção.
E depois parece que terá tido que atender a questões de política interna portuguesa. Mas não esteve presente nas sessões onde se decidiu.
Não se sentou à mesa com os seus colegas, criando confiança pessoal.
Não foi visto nos encontros onde se expressa a afectividade. Faltou aos serões onde em África se criam cumplicidades.
Por outro lado, a rigidez da análise jurídica e da ciência política pode levar a confundir reuniões com diálogo fluido.
Em política externa, a quantidade das cortesias não significa a qualidade das confluências. Americanos e norte-coreanos reúnem-se muito, mas não há fluidez. A nuance será aplicável a muitas outras situações.
Invoca ainda reuniões que teve com altos dirigentes angolanos e aconselha-me a não falar com base em escassa informação. Não a terei certamente toda. Mas creio que não teria valido a pena referir a reunião de uma hora com o Presidente de Angola.
Na verdade foi um encontro de trabalho entre José Eduardo dos Santos e Jorge Sampaio em Roma, a que assistiu, entre outros, o MNE português.
Por pudor, não refiro detalhes sobre esta e as outras reuniões citadas na carta. Eu não gostaria de fragilizar a política externa portuguesa.
O problema do MNE é que conhece mal África e os africanos. Com todas as responsabilidades políticas que teve desde 1974, só foi a Luanda pela primeira vez o ano passado 29 anos depois da independência.
E os outros países de língua portuguesa de África e da Ásia?É verdade que, para alguns, a kizomba não tem o glamour do festival de Salzburgo.»