A Fabiane saiu ontem, depois do meu requerimento, porque houve um funcionário com bom senso que o analisou, falou com o M..., e verificou que era tudo verdadeiro e razoável.
Foi um final feliz para eles e para mim. Mas aquela jovem ficou - na realidade - presa durante mais de 24 horas, quando é certo que tudo se poderia ter resolvido se houvesse um departamento com um rosto humano que pudesse compensar a eficácia policial.
O que constatei nestes dois dias foi que o SEF/Aeroporto tem uma enormíssima carência de pessoal e está a estoirar pelas costuras.
Ontem vivi um outro caso não menos chocante: o de uma jovem, também brasileira, que vive em união de facto com um espanhol de Burgos e a quem foi impedida a entrada, por falta de visto, apesar de o Ayuntamiento da cidade certificar que ela vive ali, sob aquele regime das «parejas de hecho» que os espanhóis instituiram.
Obrigou-me a função a estudar esse regime, que é bem interessante. Há um registo municipal das uniões de facto dos «vecinos», assente numa declaração de ambos, que os une e compromete num conjunto de situações, mas que, de outro lado clarifica, por via documental, a situação.
Também aqui houve bom senso e a Rendilva foi autorizada a entrar no Espaço Schengen.
Mas nem tudo são rosas.
Há dois dias uma cidadã estrangeira abortou no «centro de acolhimento». E, depois de «curado» o aborto continua presa.
O mais interessante desta situação está em que os «detidos» querem mesmo ir para as suas terras, porque é melhor do que estar preso, e não os mandam.
Tem que se reflectir sobre isto.
Chamem-lhe o que quiserem, os «centros de acolhimento» são, na realidade prisões.
Tem que se inventar um sistema alternativo, que pode ser um hotel com um mínimo de dignidade, com jardins ou espaços amplos onde as pessoas possam circular à vontade.
As companhias de aviação não ficariam mais pobres.