sábado, janeiro 22, 2005

Quem come quem?

Escreve o PortugalClub:

«Acontece neste momento grande festa no Rio de Janeiro, para uns poucos espantalhos escolhidos, entre muito boa gente... só vão á festa os que já se julgam donos das Cortes de Lisboa. Está lá pois hoje sendo "lambido" nosso Duke Lelo, aliás, já designado Ministro dos NE, a partir de próxima data. Isso é que vai ser montar.... Montar ele até já andou montando em tempos recentes... faz dois anos de triste memória!... E o Melo!.. que foi por ele comido... e agora está colocando a "rosca" de novo á prova!.... Vai queimar!!! Casimiro
Melo... gostos... são gostos!... e gostos não se descutem!... que gozes bastante!... Hai!... Jesús!...»
Acho que este é o momento de pôr os pés no chão e de ter tino.
Em política tudo tem um tempo. E em política é preciso ser frio.
Estou a ver na televisão o Marcelo Rebelo de Sousa, que ajudou a destruir o governo do Santana Lopes, a apoiar o PSD.
Estive hoje à tarde nas «Novas Fronteiras» e encontrei lá uma série de amigos que, em lutas recentes, estiveram contra José Sócrates.
Criticamos aqui, muito duramente, José Lello pelo facto de ele ter sido de uma enorme imprudência na escolha dos candidatos para o Círculo Fora da Europa.
Muitos companheiros do Brasil mostraram a sua indignação no momento próprio.
Fizeram-se aqui críticas muito duras à escolha de Maria Carrilho para cabeça de lista no Círculo da Europa, por se entender que ela nada tem a ver com a emigração. Á última hora houve um arranjo e entraram Carlos Luis para número dois e Manuel Melo para número três.
Se Maria Carrilho for para embaixadora na UNESCO - como se anuncia nos bastidores - e houver uma votação massiça no PS entram na Assembleia Carlos Luis e Manuel Melo, que são pessoas com provas dadas, que não se vendem a interesses.
No circulo Fora da Europa há uma homem sério que se chama Manuel Carrelo. Os outros não se conhecem, não sabemos o que pensam.
Já escrevi aqui que o voto em branco é um voto válido para expressar o descontentamento.
Sei que muitos amigos meus estão tentados a votar em branco, para salvar a face e, de certo modo, para se vingarem da ignomínia que foi escolherem candidatos sem os ouvir.
Mas sejamos frios...
A opção que se coloca neste momento aos portugueses é a de escolher um novo governo de Santana Lopes ou escolher um governo do Partido Socialista liderado por José Sócrates.
Mais do que para representar as comunidades, a escolha que se fizer nos circulos da emigração pode ser determinante - já o foi várias vezes - para a definição de quem vai governar o País.
O governo de António Guterres só não obteve maioria absoluta porque não cuidou sufientemente dos votos no Círculo Fora da Europa.
É claro para todos que os únicos partidos que têm hipótese de eleger deputados nos círculos da emigração são o PS e o PSD. Não vale a pena ter ilusões.
Acho que - atenta a situação dramática em que se encontra o País - temos que olhar mais para o interesse geral do que para os nossos interesses particulares.
Podemos estar muito aborrecidos com questões regionais... Mas temos que deixar essa discussão para depois das eleições e fazer a escolha em função do interesse nacional.
Os que querem que Santana Lopes continue votem no PSD.
Os que querem que mude o governo devem votar no PS.
Não é dramático na Europa votar numa lista encabeçada pela Maria Carrilho. Temos lá o Carlos Luis e o Melo. Acho que os emigrantes ganharam aí por 2-1. Ninguém comeu o Melo, como sugere o Casimiro, podem ter a certeza. E ninguém comeu o Carlos Luis.
No que respeita ao Circulo Fora da Europa, temos lá o Manuel Carrelo e há condições para forçar os outros candidatos a dar garantias de que vão ouvir as comunidades. E se não ouvirem, aí estaremos todos para criticar.
Não estamos é no tempo de discutir agora a escolha dos candidatos. Assistimos aqui a uma enorme vitalidade das comunidades no exterior. É preciso aproveitar essa vitalidade em sentido positivo, deixando as mágoas para depois do 20 de Fevereiro e retirando lições para o futuro.
O Manuel Machado, cujo nome foi mandado para a frente por milhares de portugueses que o queriam ver como candidato, será dos primeiros a concordar comigo.
Tenho a certeza que o Verdasca também concorda.
Todos sabemos que o PS levaria uma enorme banhada nos círculos da emigração se continuássemos aqui agarrados à mágoa decorrente dos atropelos que teve todo o processo de escolha dos candidatos.
Mas acho que ninguém quer isso. Só se fôssemos masoquistas e quisessmos favorecer o Carlos Gonçalves e o Cesário. E se quisessemos reeleger o Santana Lopes.
Não somos tolos e temos que pensar com a cabeça fria. Os homens passam e os partidos ficam; por isso não devemos prejudicar o partido em que acreditamos apenas porque temos uma discordância profunda sobre uma questão pontual.
Acho que temos que virar as coisas ao contrário e dizer que vamos ganhar, porque queremos. Que o PS vai ganhar porque nos empenhamos, porque somos inteligentes e sabemos que o que se discute nestas eleições não é quem vai dar as passeatas à custa do orçamento ou quem vai abrilhantar uns jantares com grupos folclórios.
O que está em causa é a escolha de um governo para Portugal e não a manutenção de conflitos com personagens menores.
Ñisto não há nenhuma falta de solidariedade nem nenhuma incoerência com o que escrevi antes e que mantenho em toda a plenitude.
Acho que nada está perdido - e tudo se pode ganhar.
Vamos acabar com as guerrilhas em pensar no País. Por maior respeito - respeito sincero - que eu tenha pelas demais forças políticas, a verdade nua e crua é esta: nos circulos da emigração são votos perdidos os que não forem dados ao PS ou ao PSD.
A verdadeira opção é entre Santana Lopes e José Sócrates.
Se não percebermos isto, quem vai ser comido somos nós todos.