quarta-feira, janeiro 12, 2005

Sócrates e as tecnologias da informação

Do site do PS:

«O líder socialista encontrou-se hoje com quadros de empresas de tecnologias de informação e garantiu incentivos para uma aposta nos domínios da inovação e da investigação. José Sócrates criticou o facto de Portugal não ganhar nada “em continuar a copiar, em continuar a fazer o que feito sempre no passado” e defendeu como alternativa “um esforço de modernização tecnológica, de informatização e de incentivo à inovação, ao espírito de risco”.
E assegurou que se sair vencedor das próximas legislativas, haverá mais incentivos ao investimento nessas áreas: “Não estamos a apresentar um quadro de incentivos completamente definido mas vai haver incentivos que convidem as empresas a apostar destes domínios, em particular pequenas e médias empresas portuguesas e aquelas que se dirijam à exportação, que competem no mercado global.”
O líder socialista reuniu-se, nomeadamente, com quadros de empresas da Oracle, Microsoft, Novabase, SAP, IBM e Cisco.»
Belas palavras. Mas não ouvi ainda nenhuma crítica clara e objectiva ao escândalo da má gestão nesta área.
É essencial auditar o modo como se gastaram os subsídios dos Estado nesta área e auditar o que nos últimos anos foi feito em matéria de informática e novas tecnologias.
O que se passa com os tribunais é uma vergonha, de que saliento os seguintes aspectos, visíveis a olho nu por qualquer pessoa:
a) O programa Habilus, que gere os processos nos tribunais é uma «coisa» abaixo de tudo o que é razoável. Não gere nada, é lento, não tem capacidade para suportar informação essencial. E parece que custou uma fortuna;
b) O sistema de video-conferência continua a funcionar por telefone na maior parte dos tribunais, quando bastaria uma ligação por cabo ou ADSL e o aproveitamento do que existe no mercado para se produzirem conferências com maior qualidade e... gratuitas.
c) Os tribunais continuam a usar cassettes para gravar os julgamentos, quando, em muitos tribunais, o valor das cassettes que se gasta numa semana seria suficiente para comprar um gravador de DVD, com as consequências que isso tem em matéria de gestão de recursos humanos. Para além da maior fiabilidade e do menor custo, a cópia de um DVD com horas de gravação faz-se em minutos. A cópia de uma cassete demora o tempo da gravação.
O que eu receio é que estes subsidios que se anunciam tenham efeito idêntico aos de muita da formação profissional.
Temos hoje tristes exemplos do pagamento de milhões de euros por programas que não só não são novos nem modernos como, objectivamente, não custaram, nem de perto nem de longe, os valores pagos.
Esta é uma área em que é preciso transparência.
E é uma área em que os portugueses residentes no estrangeiro podem fazer coisas notáveis.
O meu amigo Rodrigo Laranjo, filho de um portuense residente em S. Paulo, que o diga.