Alguns homens sérios tentaram convencer o líder de que o deputado deveria permanecer. Fez um excelente trabalho, é honesto, nunca se envolveu em negociatas, é livre, nada deve aos cofres do parlamento e, suprema garantia, é de bons costumes.
O líder ouviu e parecia determinado a aceitar o conselho dos homens bons e o apelo à justiça, vista aqui - naquele quadro - como antítese da humilhação.
Antes que ele falasse chegou um dos cortesãos que o instou: «Como ousais entrar por caminhos tão perversos? Não podeis admitir esse falso camarada. Poderá ser tudo verdade, mas ele difamou-vos fazendo constar que sois paneleiro».
O chefe ergueu-se, esticou o pescoço no seu col roulant e julgou sumariamente e sem provas, sem reflectir cinco segundos: «Está decidido. Não será chefe de lista quem ousa dizer que o líder é bicha».Já me chamaram paneleiro várias vezes. Rio-me porque sei que não sou e sei que toda a gente no mundo sabe que não sou.
Se eu fosse agiria como o chefe porque alguém estaria a violar um dos meus maiores direitos: o direito à privacidade.
Cada um usa o rabo como entende, tendo porém o direito de exigir que do mesmo não haja notícia.