terça-feira, janeiro 11, 2005

Retrato de Portugal difundido pela Reuter no Brasil

Cito, pelo que tem de interessante esta síntese, um telegrama da Reuters difundido no Brasil
«Ceticismo marca campanha eleitoral portuguesa
Por Ian Simpson
LISBOA (Reuters) - É difícil encontrar boas notícias em Portugal, o país mais pobre da Europa Ocidental, que realiza uma eleição antecipada em fevereiro em meio a um cenário de fraco crescimento econômico e de temores sobre seu futuro numa União Européia (UE) ampliada.
Nem o sol que deu as caras no inverno português nesta semana criou algum otimismo, uma vez que o país enfrenta uma das suas piores secas desde 1990.
"Estas eleições não valem nada. Os partidos querem roubar todo mundo, não querem ajudar ninguém", disse o metalúrgico Rui Costa, 27, sob uma palmeira na avenida da Liberdade, coração financeiro lusitano. "Portugal é uma coisa miserável, é pior que o Brasil."
Cansado da instabilidade da coalizão de centro-direita do primeiro-ministro Pedro Santana Lopes, o presidente Jorge Sampaio dissolveu o Parlamento no mês passado e convocou eleições antecipadas para 20 de fevereiro. Será o quarto governo português em três anos.
Santana Lopes assumiu o cargo em julho, quando seu antecessor, José Manuel Barroso, passou a comandar a Comissão Européia (o Poder Executivo da UE). O Partido Social Democrata, de Lopes e Barroso, está muito mal nas pesquisas, como reflexo do fraco desempenho da economia. Os socialistas, liderados pelo carismático José Sócrates, lideram.
Mas, nas ruas de Lisboa, é difícil encontrar alguém que acredite que a vitória do Partido Socialista leve o país de volta aos bons tempos da década de 1990, quando Portugal, com seus 10 milhões de habitantes, crescia mais do que a média da UE.
O banco central reduziu na quinta-feira sua perspectiva de crescimento econômico em 2005 para 1,6 por cento. Isso significa que, pelo quinto ano consecutivo, Portugal vai crescer menos que a média européia.
O país, na verdade, ainda não se recuperou totalmente da recessão que fez sua economia encolher 1,3 por cento em 2003, o pior resultado entre os 15 países que então formavam o bloco.
Países que tradicionalmente recebem o grosso da ajuda da UE, como Portugal, temem que as nações ex-comunistas que aderiram ao bloco em 2004 e são ainda mais pobres passem a receber essas verbas.
"A verdade é que as previsões para o ano que acaba de começar, com alguma incerteza, não são brilhantes", disse Miguel Beleza, ex-ministro social-democrata das Finanças, à rádio TSF.
A confiança do consumidor caiu pelo quinto mês consecutivo em dezembro. O desemprego foi de 6,8 por cento no terceiro trimestre, o maior em mais de seis anos.
Santana Lopes alertou no domingo contra o pessimismo econômico, dizendo que a realidade não é tão ruim quanto previram os "profetas do infortúnio".
Barroso elevou impostos, congelou os salários de 700 mil funcionários públicos e adotou medidas extraordinárias para conter o déficit orçamentário, que em 2001 ultrapassou os limites impostos aos países que adotam o euro como moeda.»