domingo, janeiro 09, 2005

Três cavalheiros nomearam pessoalmente 80 deputados

António Barreto, cada vez mais lúcido, põe o dedo na maior ferida da nossa democracia:

Esta semana, o Parlamento foi nomeado. Três cavalheiros, Santana, Sócrates e Portas, nomearam pessoalmente cerca de 80 deputados.
Visto de outro modo, mais ou menos 5.000 pessoas dos cinco partidos, reunidas em comissões locais ou nacionais, nomearam 190 deputados, ou seja, a quase totalidade do Parlamento que entra em funções dentro de seis semanas.
Falta agora os restantes oito milhões de eleitores designarem os quarenta deputados que ainda se não conhecem.
Não serão eleitos pessoalmente, poucos sabem quem são, vêm em geral na cauda do grupo dos "elegíveis", em "zonas cinzentas" das listas blindadas.
É verdade que são esses quarenta que fazem a diferença, isto é, que vão decidir quem tem maioria e quem faz governo.
Mas virão simplesmente no furgão dos partidos, não serão eles os eleitos. Enquanto estes têm de esperar umas semanas, os outros já podem tomar disposições, arranjar casa em Lisboa, tratar da educação dos filhos e organizar as suas vidas.