Querida Eulália:
Obrigada pelas tuas palavras, que são excessivas no que toca à minha pessoa.
Procuro ser um profissional competente. Mas procuro ser, antes de tudo, um cidadão respeitável.
Por mais que isto doa a muita gente, a questão do Miguel é apenas mais uma bolha provocada pela peste.
O que é preciso é debelar esta peste que nos agride a todos, mas agride de forma especial os mais fracos.
Nem eu nem ninguém é capaz de resolver os problemas se o próprio sistema os cria a um ritmo e com qualidades que ficam encobertas na imensidão do silêncio.
Nunca se saberá quem está a ser prejudicado e ofendido.
Porque é gente anónima, que não tem recursos nem acesso aos advogados.
Dos que têm meios, não tenho muita pena. Eu ou alguém lhes resolve os problemas. Eles pagam para isso.
E os outros, os pobres, os desprotegidos, os que nem sequer sabem ler?
Até é que residente o fulcro da desumanidade.
Pronta intervenção? Enganas-te. Intervenção de desespero: nosso e da família.
O escritório tem este caso desde Junho e nunca os meus colegas conseguiram aceder ao Consulado. Foi preciso fazer escândalo na porta para que o António Miguel e a mulher conseguissem entrar sem advogado. Para lhe dizerem que era impossível fazer o que acabaram por fazer.
Foi preciso eu, no dia seguinte, chamar uma estação de televisão e fazer outro escândalo na porta, para me deixarem entrar e, apesar de eu ter explicado o que era preciso fazer e o que a lei estabelece nestes casos, disseram-me que não faziam.
Achas que isto é «pronta intervenção».
A pronta intervenção é impossível em S. Paulo. O que podia resolver-se numa hora, custou dezenas de horas.
E isto era um caso simplicíssimo, sem nenhuma dificuldade. Imagina os que são mais complexos.
Os cidadãos estão entregues aos bichos.
Abraço do
Miguel Reis
Obrigada pelas tuas palavras, que são excessivas no que toca à minha pessoa.
Procuro ser um profissional competente. Mas procuro ser, antes de tudo, um cidadão respeitável.
Por mais que isto doa a muita gente, a questão do Miguel é apenas mais uma bolha provocada pela peste.
O que é preciso é debelar esta peste que nos agride a todos, mas agride de forma especial os mais fracos.
Nem eu nem ninguém é capaz de resolver os problemas se o próprio sistema os cria a um ritmo e com qualidades que ficam encobertas na imensidão do silêncio.
Nunca se saberá quem está a ser prejudicado e ofendido.
Porque é gente anónima, que não tem recursos nem acesso aos advogados.
Dos que têm meios, não tenho muita pena. Eu ou alguém lhes resolve os problemas. Eles pagam para isso.
E os outros, os pobres, os desprotegidos, os que nem sequer sabem ler?
Até é que residente o fulcro da desumanidade.
Pronta intervenção? Enganas-te. Intervenção de desespero: nosso e da família.
O escritório tem este caso desde Junho e nunca os meus colegas conseguiram aceder ao Consulado. Foi preciso fazer escândalo na porta para que o António Miguel e a mulher conseguissem entrar sem advogado. Para lhe dizerem que era impossível fazer o que acabaram por fazer.
Foi preciso eu, no dia seguinte, chamar uma estação de televisão e fazer outro escândalo na porta, para me deixarem entrar e, apesar de eu ter explicado o que era preciso fazer e o que a lei estabelece nestes casos, disseram-me que não faziam.
Achas que isto é «pronta intervenção».
A pronta intervenção é impossível em S. Paulo. O que podia resolver-se numa hora, custou dezenas de horas.
E isto era um caso simplicíssimo, sem nenhuma dificuldade. Imagina os que são mais complexos.
Os cidadãos estão entregues aos bichos.
Abraço do
Miguel Reis