Estava um tempo maravilhoso em Salvador, onde ocorreu, no princípio do mês o III Congresso Empresarial Brasil-Portugal.
Os deuses, todos aqueles deuses pagãos que fazem da Bahia um lugar especialíssimo, bem me apelaram para que não voasse para S. Paulo.
«Você não tem este tempo lá» - disse-me um.
«Esperam-te maus olhados quando chegares à cidade grande» - disse-me um sacerdotiza, a um canto do pelourinho, depois de me ter obrigado a abrir a mão e a dar-lhe dez reais.
Com um brilho dos olhos, a negra arrancou do fundo um desejo e suplicou-me que não voasse, ao que me ri, com respeito pela sua profissão e pela sua fantasia.
Não são para mim estranhos os maus olhados de S. Paulo, nem de Lisboa, nem de nenhum dos outros lugares em que pugno, com a mesma paixão de há trinta anos (grande e velha paixão) pelas defesas que me confiam ou apenas por princípios, destes que me estão no sangue.
Não acredito em bruxas mas, como dizem os espanhóis, que las hay, las hay...
Mal o avião descolou da pista do aeroporto Luiz Carlos Magalhães, comecei a sentir uns calafrios que me fizeram vir o dito da bruxa à memória.